Lia Perroni
Depois de esperar por tanto tempo na sala de espera, me ofereço para levar as crianças até a lanchonete. Estamos todos famintos e precisamos de um pouco de energia para continuar esperando. São oito e meia da manhã e, até agora, não comemos nada. Somente Esmel havia comido um sanduíche com Nescau antes de sair de casa.
Me sento junto com as crianças para tomarmos o café. Bia e Lian estão quietas, ainda assustadas com o que aconteceu com Kairós. Esmel, por outro lado, está um pouco mais animada, brincando com o açúcar da mesa.
Nesse momento, meu celular toca. Eu sei exatamente quem é. Não preciso olhar para a tela para saber.
— Foi você, não foi? — pergunto, sem enrolação, assim que atendo a ligação.
Marcelo ri do outro lado da linha, um som que me faz sentir um arrepio na espinha.
— Eu? O que que fiz agora? — ele pergunta em um tom deboche, como se não soubesse exatamente do que estou falando.
Eu sinto uma onda de raiva e medo. Como ele pode ser tão cruel e insensível?
— N