Lia Perroni
No final, acabo não ligando para a polícia. Sinto que, se o fizer, não dará em nada. Marcelo é delegado, tem muitos contatos, não iria ficar preso por muito tempo, principalmente por eu não ter provas. Isso significaria estar colocando a minha identidade e a de Esmel em risco por nada.
Vou dormir pensando em tudo que aconteceu hoje, me sinto entre a cruz e a espada, sem saber o que fazer.
Na manhã seguinte, acabo acordando com batidas na porta. Olho para o relógio, marcam cinco horas da manhã. Me levanto ainda sonolenta e vou atender. Abro a porta e de cara com Camila.
— Camila? — olho para ela confusa — O que faz aqui, a essa hora? — pergunto, sentindo um arrepio na espinha.
Camila está com os olhos vermelhos e a voz trêmula.
— O Kairós... ele sofreu um acidente e está em estado grave! — ela diz, as lágrimas começando a escorrer pelo seu rosto.
Fico parada, sem saber o que dizer. Kairós, o homem que eu estou começando a amar, está em estado grave?
— O que aconteceu? — per