Após ficar viúva de um marido alcoólatra e abusivo, Holly decidiu recomeçar sua vida com seus três filhos pequenos — Trevor, Megan e Ryan. Sem muitas opções, ela se muda para a antiga casa de sua avó, que estava abandonada há anos. Embora precisando de muitos reparos, aquela casa representava uma nova esperança e a chance de reconstruir suas vidas. No entanto, as dificuldades financeiras eram constantes, e o coração de Holly permanecia fechado para qualquer sentimento. Ela carregava o peso da dor e do medo, temendo sofrer novamente e passar por tudo o que viveu no passado. Até que Grady O’neill entrou em sua vida. Um homem gentil, forte e decidido, que despertou sentimentos que Holly julgava enterrados. Determinado a mostrar a ela que o amor é possível mesmo depois da dor, Grady tenta conquistar o coração dessa mulher indomável, provando que uma segunda chance para o amor pode ser a maior redenção de todas. Entre medos, esperanças e um recomeço, eles embarcam em uma jornada emocional que pode curar feridas antigas e transformar suas vidas para sempre. ótima leitura
Leer másA casa se erguia solitária no meio de um amplo terreno abandonado, onde o mato atingia mais de um metro de altura. A pintura branca, gasta pela contínua exposição ao tempo, estava descascando por toda a extensão das paredes, e a porta de tela, solta das dobradiças, estava caída na varanda. A madeira envelhecida dos batentes das janelas ainda revelava restos de tinta verde, e, de frente para a rua, um vidro quebrado brilhava como uma teia de aranha prateada sob o sol de fim de tarde. Apesar do mato, eu conseguia distinguir uma calçada de cimento em torno da residência, com plantas crescendo pelas rachaduras, revelando os vários meses de total negligência. Apenas as quatro grandes árvores alinhadas no fundo do terreno se salvavam da atmosfera de destruição e descaso que permeava todo o local.
Apertei as mãos úmidas e respirei fundo antes de descer do caminhão, tentando disfarçar a profunda decepção que me invadiu. Por um breve instante, uma onda de pânico quase me dominou, mas consegui me controlar, mesmo vendo minha última esperança evaporar-se diante dos meus olhos. — É aqui, mamãe? É esta a casa que sua avó lhe deixou? — perguntou Trevor, meu filho de nove anos, com um tom de surpresa. Forcei um sorriso e me virei para ele, que estava apoiado na janela do velho caminhão, examinando a casa abandonada. — Sim, querido, é aqui. — Você disse que era bonita e que nós íamos gostar muito. — Havia um tom de acusação em sua voz. — Ela era bonita, mas faz muito tempo que eu não vinha aqui — respondi, sem saber como ainda conseguia manter o sorriso nos lábios. — Nós vamos reformá-la. Uma nova sensação de medo começou a tomar conta de mim, e desviei o olhar para que as crianças não percebessem o quanto eu estava abalada. Eu tinha contado tanto com essa casa e, no fim, tudo parecia ser mais uma tentativa inútil. Agora eu realmente estava num beco sem saída. Três filhos pequenos, uns poucos milhares de dólares que sobraram do seguro, nenhum emprego e tudo o que eu possuía para recomeçar a vida era uma casa caindo aos pedaços. Respirei fundo mais uma vez, encarando outro aspecto da fria realidade: se as coisas piorassem muito, eu teria que vender o caminhão. Olhei para as crianças novamente e vi Ryan se apertando ao lado do irmão para também apoiar-se na janela e observar a casa. — É bem feia, não é, mamãe? Parece mal-assombrada! Vai ver tem uma bruxa morando lá. Segurei a maçaneta da porta e lancei um olhar de repreensão para Ryan, meu filho de oito anos. — Chega, Ryan. Você vai deixar Megan assustada com essas bobagens. Ele olhou para a irmãzinha e sorriu. — Não, mamãe, ela ainda está dormindo. — Ótimo, então desçam do caminhão. Eu vou pegá-la. — Os meninos saíram do veículo, e eu sacudi gentilmente Megan. — Meg, querida, chegamos. Megan se espreguiçou, e eu a levantei nos braços. Em seguida, tirei um chaveiro do bolso da calça e o entreguei a Trevor. — Vá à frente e abra a porta, está bem? Ryan, você poderia apanhar minha bolsa? — Tentando mostrar-me forte, ajeitei Megan no colo e caminhei em direção à velha residência da minha avó, rezando fervorosamente para que o interior não estivesse tão ruim quanto a aparência do lado de fora mostrava. Meus filhos precisavam de um lugar para morar. Sentia a ansiedade me sufocar ao ver Trevor abrir a porta. Não tinha outro lugar para ir e ninguém a quem recorrer. Nada. — Venha, mamãe — Ryan chamou, aproximando-se. — O que você está olhando? Vamos entrar. Apertei Megan com mais força e subi os degraus da varanda. Contornei a porta de tela caída no chão, parei por um instante para que meus olhos se adaptassem à penumbra e entrei. O lugar era tão pequeno! Dez vezes menor do que eu me lembrava. Havia poeira por toda parte, mas tudo estava exatamente como minha avó deixara: os móveis velhos, os enfeites de porcelana, as cortinas bege, os quadros de flores nas paredes, a lareira em um dos cantos. A casa cheirava a mofo e umidade, mas eu mal atentei para isso enquanto me recostava ao batente da porta com um suspiro de alívio. O interior não estava num estado tão deplorável quanto o lado externo. Eu poderia transformar essa casa numa moradia decente, compensando os meses de abandono e negligência com uma boa arrumação geral. Sabia que iria ter trabalho, mas isso não me incomodava. O importante era que tínhamos um lar. — Chegamos? — Megan perguntou, esfregando os olhinhos sonolentos. — Sim, querida. Estamos em casa. — Eu quero ver. A menina agitou-se nos meus braços, querendo ir para o chão. Abaixei-a, e, vendo-a correr para longe, estiquei o corpo para dissipar a tensão que se acumulava nas minhas costas e pescoço. Olhei em volta com mais cuidado e reparei que nada havia mudado. O aposento à esquerda da entrada servia como sala de jantar, com seu pequeno espaço sobrecarregado de móveis pesados e antigos. À direita, ficava a sala de estar e, ao fundo desta, uma porta levava a um dos dois quartos. O lugar ficaria agradável quando eu removesse parte da mobília e limpasse tudo. Afastando o cabelo do rosto com ambas as mãos, caminhei até o quarto da minha avó. Controlando a emoção, revi a cama antiquada junto a uma das paredes. Apenas um plástico transparente cobria o colchão, que parecia relativamente novo. Havia um pequeno criado-mudo ao lado da cama, uma penteadeira com espelho e um grande armário ainda repleto de roupas. Senti os olhos molhados de lágrimas ao perceber os velhos vestidos pendurados em cabides de madeira, mas logo fechei a porta do guarda-roupa e saí do cômodo. Precisava me concentrar na situação presente e avaliar as possibilidades. A única mobília que possuía eram as camas das crianças, mas o quarto era tão pequeno que não havia espaço sequer para o berço de Megan. A cozinha mostrava sinais de mudanças recentes, que incluíam dois armários novos e uma lavadora de pratos. O chão, contudo, conservava o mesmo piso escurecido que eu observei em minha última visita, há dez anos. Abri a torneira da pia por mero acaso e me surpreendi ao ouvir um ruído nos canos e, em seguida, deparar-me com um jato de água límpida. Experimentei o interruptor de luz, e as lâmpadas fluorescentes piscaram e encheram o ambiente com sua luz clara. Fechei a torneira e franzi a testa, intrigada. Talvez o advogado que cuidou do patrimônio da minha avó tivesse providenciado para que a água e a luz fossem ligadas novamente ao receber o comunicado de que eu não queria mais vender a casa, mas pretendia morar lá. Nem pensei em indagar sobre esses detalhes quando fui buscar as chaves com a secretária dele. Me virei para a geladeira, esperando pelo pior. Porém, a porta entreaberta mostrava que o interior parecia ter sido limpo. Talvez tivessem cuidado disso também, pensei. O segundo quarto, que se situava além da cozinha, estava vazio, exceto por uma velha máquina de costura, uma enorme penteadeira, uma cadeira e a estrutura de uma cama de campanha. O aposento era pequeno, mas, por sorte, os meninos dormiam em beliche, e seria possível acomodá-los bem. Afinal, o tamanho da casa era um problema irrelevante; pelo menos agora tínhamos um lar. Dei uma olhada rápida no banheiro antes de retornar à cozinha e abrir a porta dos fundos, curiosa por saber por onde as crianças andavam. Reparei no pequeno galpão que fora construído há poucos anos e que agora servia como depósito para móveis velhos. Entre as peças ali armazenadas, havia um fogão a lenha que devia ter mais de cem anos. Examinei a relíquia com cuidado. Antes de me casar, eu trabalhava para um comerciante de móveis usados que se interessava imensamente por antiguidades. Com certeza, ele adoraria aquela peça. O fogão estava em excelentes condições e poderia valer uma pequena fortuna se fosse vendido para a pessoa certa. De repente, possuir tal preciosidade em minha própria casa me fez sentir mais segura e, pela primeira vez em muitos dias, respirei aliviada. Levantei os olhos na direção da garagem e vi uma mulher baixa e roliça aparecer junto ao portão. Observei o rosto sorridente e sardento, o andar apressado, e deduzi que só poderia ser Liz Crawford. Minha avó a descreveu em suas cartas e sempre se referia a ela com grande afeição.O livro "Uma Mãe Viúva e o Mecânico Sedutor" faz parte de algo maior: "Um Lugar para Recomeçar". Nele, contei a história de Holly, uma mulher forte, mãe de três crianças, tentando construir uma nova vida em um lugar completamente diferente. O medo de se abrir para um novo relacionamento acompanha sua jornada, mas ela prova que coragem e amor próprio podem superar qualquer obstáculo. Este livro foi inspirado na minha própria vida. Assim como Holly, sou mãe solo de duas crianças incríveis, de 8 e 7 anos. Só quem é mãe solteira sabe das dificuldades e desafios que enfrentamos todos os dias, mas também sabe da força e do amor imensurável que nos sustentam. Sempre que releio este livro, me emociono e choro, pois muitas das vivências de Holly refletem a minha realidade. O final dela é diferente do meu, mas ainda assim é um lembrete de que sonhos e esperanças podem nos levar longe. Talvez eu não viva um romance como o de Holly, mas se um dia chegar perto, já será um sonho realizado. Enq
O silêncio na sala era esmagador. Eu podia ouvir meu próprio coração batendo como um tambor enquanto o juiz ajustava os óculos e organizava os papéis à sua frente. Ele olhou para mim e depois para Sheron, mantendo uma expressão neutra.— Senhora Sheron, senhora Simpson — começou o juiz, com a voz calma, mas firme. — Este caso não é apenas sobre finanças ou custódia, mas sobre o bem-estar de uma criança. Durante as últimas audiências e a conversa com as crianças, ficou claro que há um histórico complicado entre as partes. Gostaria de ouvir novamente de vocês dois antes de tomar minha decisão final.Olhei para Sheron, que ajeitou a postura como se estivesse pronta para um discurso.— Meritíssimo — ela começou, sua voz controlada, mas carregada de emoção forçada. — Não há dúvida de que amo minha neta. Meu único desejo é garantir que ela tenha estabilidade financeira e emocional, algo que acredito que a senhora Holly não possa proporcionar. Minha nora tem um histórico de decisões question
O dia finalmente havia chegado. A ansiedade me consumia desde o momento em que acordei. Grady, sempre firme e tranquilo, segurava minha mão enquanto caminhávamos até o tribunal. As crianças estavam conosco, todas vestidas de forma impecável, e Tammy nos acompanhava, pronta para ajudar caso fosse necessário. Sua presença me dava um pouco mais de segurança, embora eu soubesse que o peso daquela audiência ainda estava sobre os meus ombros.Enquanto esperávamos na sala de recepção, o ambiente parecia sufocante. A cada vez que a porta do tribunal se abria e um nome era chamado, meu coração acelerava. Megan estava sentada no colo de Travor, enquanto Rayan mantinha um olhar atento, como se estivesse se preparando para qualquer coisa que viesse. Grady estava ao meu lado, apertando minha mão com força para me tranquilizar.Foi então que a porta se abriu novamente, e a figura imponente de Sheron surgiu no corredor. Ela estava acompanhada de seu advogado, impecavelmente vestido, e exalava confia
Grady, então, tomou a palavra, e sua voz firme e tranquila preencheu a sala.— Quando vocês estiverem com o juiz, não precisam mentir. Quero que falem a verdade, tudo o que sabem, tudo o que vivenciaram — disse ele, olhando para as crianças, que estavam tão quietas e atentas. — Isso inclui o tempo que passaram com o Derick e tudo o que aconteceu depois. O juiz precisa saber exatamente o que ocorreu, porque é isso que vai ajudar a resolver tudo da melhor forma.As crianças, embora tão novas, pareciam entender a seriedade do momento. Seus olhares estavam fixos em Grady, como se estivessem absorvendo cada palavra, e por um breve instante, eles pareciam mais velhos do que realmente eram. Eles assentiram, um de cada vez, como se estivessem assumindo uma responsabilidade imensa.Eu não pude evitar que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Não era só por toda a tensão que estávamos enfrentando, mas também por ver o quanto meus filhos estavam crescendo e assumindo um papel tão importante nes
O som da porta se abrindo foi o primeiro sinal de que as crianças estavam de volta. Não precisei olhar para saber que era Megan, a pequena sempre foi a mais rápida. Ela correu para mim, com aquele sorriso que só ela tinha, e, ao me ver, se jogou nos meus braços.— Mamãe! — Ela gritou, me abraçando forte.Eu sorri, aliviada ao sentir o calor do abraço dela, a sensação de normalidade retornando, mesmo que tudo ao nosso redor estivesse desmoronando.Enquanto isso, os meninos correram para Grady. Ele, sempre tão gentil com eles, os abraçou com a mesma intensidade que me abraçou. Eu podia ver o quanto ele os amava, e a forma como eles o viam como uma figura paterna. Aquela cena me trouxe um conforto imenso.Mas o peso da situação ainda estava ali. Eu respirei fundo, me afastando um pouco dos abraços calorosos das crianças, e falei, tentando manter a firmeza que sabia que precisaria:— Crianças, precisamos conversar... Na sala. — Minha voz era suave, mas firme.Grady, sempre ao meu lado, pe
Ao chegar em casa, tirei os sapatos na entrada e senti o alívio imediato ao tocar o chão frio com os pés descalços. Grady se sentou no sofá da sala, passando a mão na nuca, visivelmente cansado.— Vou preparar um café. Quer uma xícara? — perguntei, enquanto caminhava em direção à cozinha, tentando parecer mais tranquila do que realmente estava.— Quero sim. — A voz dele era firme, mas eu percebia o cansaço misturado à preocupação em seu tom.Acendi o fogão e coloquei a chaleira para esquentar. Enquanto esperava a água ferver, meus pensamentos vagavam. A imagem de Sheron no tribunal, com aquele ar de superioridade, não saía da minha cabeça. Me apoiei no balcão, sentindo o peso da situação.Grady apareceu na cozinha, encostando-se à porta.— Você está bem?Olhei para ele por cima do ombro e forcei um sorriso.— Não sei... Fico pensando se estamos fazendo o certo. Levar as crianças ao tribunal... será que é mesmo a melhor decisão?Ele se aproximou, cruzando os braços enquanto se encostav
Último capítulo