Ravena
Desperto num grito mudo, como se minha voz tivesse sido arrancada junto com o fôlego. Estou de volta presa no caixão de metal, frio e opressor, onde o eco da minha própria dor reverbera sem trégua.
Sinto o contorno rígido ao redor do meu corpo encolhido, e cada centímetro desse invólucro simboliza o eco daquele martírio que me trouxe de volta a este cárcere infernal.
Algo dentro de mim se rompe. Ouço, em camadas sobrepostas, o sofrimento dos meus filhotes, cada sentimento mudo de agonia atravessando minhas veias como lâminas. É essa dor dilacerante que me arranca da inconsciência do meu passado, e me empurra para a crua realidade deste túmulo metálico.
Tento mover-me, mas sou um corpo sem forma, frágil, uma concha de pele, ossos e memórias. Encolho-me, abraçando meu próprio peso, buscando proteger algo que não está mais inteiramente em mim. As lágrimas escorrem quentes no rosto, embora não haja espaço para que elas caiam.
Formam-se em mim, sufocadas pelo metal. Minhas mãos te