Lerina
A primeira dor me rasga antes mesmo que eu perceba de onde ela vem.
Não é uma contração, não é um feitiço quebrando. É como se uma lâmina espectral, forjada na essência da lua e no sangue antigo dos vampiros, me partisse ao meio.
Grito alto.
Um grito seco, rouco, dilacerado. Meus joelhos colapsam e caio sobre a neve recém-formada, sentindo os flocos se dissolverem na pele quente e febril.
O feitiço de camuflagem escorre da minha pele como tinta lavada pela tempestade. O véu de invisibilidade cai, o campo mágico que escondia meu cheiro, minha pulsação, minha essência… tudo ruído, desfeito num sussurro que parece o riso cruel dos deuses.
— Não…— murmuro, dobrando o corpo. — Ainda não, eu não vou ser derrotada assim...
A dor lateja em ondas e mais ondas. E junto com ela, a consciência da verdade brutal, eles estão tentando me expulsar. Os filhotes, os malditos filhos de Ravena e Cyrus. Eles não querem nascer através de mim, eles nunca me aceitaram. Eles me rejeitaram desde o prim