Celeste
O céu parece prestes a desabar. A fúria da batalha chega até o limiar do horizonte.
As nuvens se contorcem como carne viva, negras e densas, rasgadas por fendas esverdeadas que vomitam relâmpagos de pura energia maligna. No centro do campo devastado onde antes existia a barreira norte, agora há apenas um rastro de caos, o domo.
Ele pulsa como um coração moribundo, cuspindo tentáculos da cor de um pântano profundo e labaredas de fogo verde que disputam violentamente o controle do espaço ao seu redor.
Vejo tudo de longe.
E mesmo assim, o calor daquilo me fere. Não o calor físico, mas o peso daquela magia distorcida, o odor de miasma puro. Há uma luta acontecendo ali dentro. Uma guerra de vontades.
Gritos de dor pungente.
Gritos agudos, animalescos, femininos, pavorosos, desprendidos da realidade, fantasmagóricos. Eles saem de dentro da cúpula com força suficiente para rachar a alma. Há muita dor ali dentro. Tanta dor que meu corpo reage por instinto, me enrijecendo, mesmo de l