Capítulo 32
Milena
Nosso primeiro Natal em família.
Era estranho pensar nisso em voz alta, mas agora fazia sentido. Pela primeira vez em muitos anos, o Natal não era sinônimo de medo, angústia ou lágrimas silenciosas escondidas atrás de um sorriso forçado. Durante tanto tempo, essa data me trazia dor. Eram festas de aparências, jantares cheios de gente que eu não conhecia, políticos fingindo intimidade, risadas falsas, brindes vazios. E, no final, a violência. Um comentário, uma troca de olhares, e João explodia. Qualquer desculpa servia para me machucar. Uma conversa trivial com algum convidado, uma travessa mal posicionada, um sorriso que durava segundos demais. Tudo era motivo.
Mas agora... agora era diferente.
Agora, eu era a dona da casa, a mãe, a mulher amada e respeitada. Agora eu estava cercada de amor de verdade, daqueles que me olham com ternura e não com cobrança. Meus dedos acariciavam minha barriga já levemente arredondada, onde nossos filhos cresciam saudáveis. E enquan