Diabo
Com os pés jogados em cima da minha mesa, traguei o cigarro mentolado como se fosse a única coisa que me mantinha no eixo. A fumaça queimou os pulmões, mas eu segurei. Queria que queimasse mais. Talvez assim apagasse a culpa.
A tela do celular ainda brilhava sobre o tampo da mesa, me mostrando aquilo que eu evitava olhar há dias: uma foto antiga da Ellie e do Adam. Ela de pernas cruzadas, emburrada, com um livro sobre as pernas e os lábios cerrados de raiva porque perdeu no jogo da velha. Adam ria, como sempre fazia. A risada dele era leve, como se o mundo ainda tivesse salvação. Eles tinham doze anos. E foi o último ano que ela foi realmente livre.
Minha garganta apertou. Porque a culpa era minha.
Fui eu quem a emp