Lauren
A mansão estava silenciosa. Um silêncio estranho, quase sagrado. Daqueles que não se ouve nem o tic-tac de um relógio porque até o tempo parece respeitar o que acabou de acontecer.
Meus passos ecoavam suavemente pelo corredor de mármore. Caminhei até o andar de cima, me encostando no corrimão, observando a sala abaixo, onde tudo tinha acontecido horas atrás. A lareira ainda queimava fraca, como se fosse o último sopro de algo que estava prestes a apagar.
Na ala leste da casa, a porta do escritório de meu pai estava fechada. Do outro lado, eu sabia que estavam ele, Thomas e Charlie. Os três homens da casa, juntos, como sempre ficavam quando algo abalava nossa estrutura. Eu conseguia imaginar a cena: meu pai afundado na poltrona de couro, o rosto entre as mãos, o olhar perdido. E, no centro da mesinha de madeira maciça, um litro de whisky caro, aberto, quase vazio. Aquela garrafa só era tocada em noites como esta.
Meu pai... o homem mais forte que já conheci. Um campeão. Um ídolo