Sebastian Davis
Estava na biblioteca guardando um dos livros que meu pai costumava ler, um daqueles volumes antigos e gastos que só servem agora pra parecer que alguém aqui ainda tem tempo pra poesia. Foi quando ouvi o barulho. Passos apressados, quase saltando degrau por degrau, como se tivesse pressa pra causar. Só podia ser ela.
Anabelle.
Parei no corredor, de onde podia ver parte da sala. Ela falava ao telefone, sem o menor pudor, como se estivesse no sofá da própria casa e não na sala de um dos homens mais influentes da cidade. Jogou-se na poltrona com a leveza de um furacão e apoiou os pés — os pés! — em cima da minha mesa de centro, como se fosse dela. Estreitei os olhos. Insolente.
Mas, porra... que mulher.