Sebastian
— Não é porque você é minha filha que eu vou pegar leve. — avisei, firme, encarando Ellie.
— Eu notei. — Angel resmungou, mais para si do que para nós, se afastando do tatame com a garrafinha d’água em mãos.
— Dê o seu melhor, Sebastian. — Ellie disse com um sorriso que parecia desafiador e calmo ao mesmo tempo.
Naquele instante, alguma coisa dentro de mim travou.
Foi como encarar um espelho torto — não daqueles que mostram o rosto, mas daqueles que escancaram a alma. Não havia dúvida: ali estava uma parte de mim. Algo que sempre soube que existia, mas nunca tive coragem de nomear.
Ela não tinha meu rosto.
Mas tinha meu fogo.
Minha raiva contida.
Minha impulsividade.
Era como ver a versão mais crua e afiada de mim mesmo. Uma versão feminina. Mais voraz. E tão parecida comigo que doía.
E o mais cruel de tudo? Ela nem sabia.
Ela me olhava como se estivesse pronta para arrancar um pedaço de mim. Não piscava. Não sorria. Não dava sequer um passo em falso.
Dei o primeiro passo, f