Ellie
Encostada na lareira, com os ombros menos tensos que o habitual e um copo de whisky firme entre os dedos, deixei o calor das chamas lamber meu rosto enquanto minha mente se deixava levar para longe dali. O fogo crepitava suave, quase como um sussurro, e por um momento me permiti simplesmente... sentir.
Sem um olho roxo. Sem as costelas doendo. Sem sangue secando no canto da boca.
Só eu. A bebida. E o passado.
ONZE ANOS ATRÁS
O porão ainda não tinha nome, nem regras, nem plateia. Era só um espaço com o cheiro de madeira velha, suor antigo e sonhos quebrados. Um esboço do que viria a ser o Inferninho. Naquela época, ele ainda não era “O Diabo”. Não como todo mundo o conhecia. Era só um homem com uma ideia grande demais e um coração endurecido demais para admitir que estava cercado de problemas — e, de repente, cercado de crianças também.
Eu, Adam e Dominic corríamos entre as mesas improvisadas, rindo alto, desviando de cadeiras e colunas como se aquele lugar sombrio fosse um parqu