Capítulo 2 °

"Desperto, mas a umidade que toca meu corpo, me deixa confusa. Abro os olhos e me sento, estou no meio da floresta. O que está acontecendo? Alguém me tirou do castelo? Será que foi a pessoa que estava me observando? Pensei que era coisa da minha cabeça.

A sensação volta, fico de pé e o nervosismo toma conta de mim. Olho ao redor, está escuro demais, somente a lua ilumina o pouco que consigo ver. Vejo a silhueta de um homem vindo em minha direção, não vejo suas feições ou corpo, apenas um contorno preto que se aproxima cada vez mais. Meu peito sobe e desce pelo nervoso. Reprimo um grito quando a silhueta humana vira a de um animal, um lobo. Ele é enorme, maior do que o humano era. Seus pelos são pretos como a noite, quase se perde em meio a escuridão, mas ainda vejo que está vindo por conta dos olhos azuis cintilantes.

Quando seus olhos ficam vermelhos, tento me virar e correr, mas meu corpo fica preso ao chão. O que parecem raízes de árvores começa a me prender, olho para baixo e tento arrancar. O lobo a frente se aproxima mais, tudo que posso fazer é me proteger com os braços antes que pule sobre mim para me atacar..."

Acordo assustada, em um pulo fico sentada, ainda está de noite. Olho ao redor, foi apenas um pesadelo. Um dos muitos que tenho tido ultimamente.

— Nossa, estou toda suada. — Me levanto e ando em direção ao lado de fora. — Que pesadelo horrível. — Falo abrindo a porta da varanda do meu quarto e saindo, preciso tomar um ar.

Me debruço na parede pequena de proteção, puxo o ar com força e solto lentamente. Odeio ter pesadelos, parecem tão reais. Olho para baixo e vejo uma árvore balançando. Fico de pé normalmente, tentando decifrar o contorno ao lado dela.

Arregalo os olhos quando vejo a silhueta que vi antes, o homem todo de preto e como no sonho, não consigo ver seu rosto. Mas ele está aqui, ele é real. Não, não pode ser. É apenas minha mente me pregando uma peça. Só pode. Volto a olhar, ele sumiu, mas o incomodo ainda deixa meu coração acelerado.

— Estou ficando doida. — Sussurro. — Como? Não, não... não pode ser real. — Falo andando para trás, tentando me convencer que é coisa da minha cabeça, até bater na porta de entrada do meu quarto.

Desisto de ficar sozinha com esse sentimento esquisito. Saio do meu quarto e corro para o de Nana. Chego na porta dela e começo a bater, não demora até que abra a porta e me encare assustada.

— Princesa, aconteceu alguma coisa? Você está pálida, seus olhos estão cinzas. — Nana diz me puxando para dentro do quarto. — O que houve?

— Eu tive um pesadelo. — Nesse momento começo a chorar, Nana me leva até a cama. — Foi horrível.

— Pode ficar aqui, minha querida. — Me deito em sua cama. — Agora durma, precisa descansar. Foi apenas um pesadelo, nada vai te acontecer. — Ela deposita um beijo em minha testa, me cobre e assinto.

Não durmo de imediato, fico assustada com todas as sombras que vejo, mas sou vencida pelo cansaço.

(...)

Sou acordada pelos raios de sol que entram pela janela. Me sento e me espreguiço, fico olhando uns minutos para a parede. Sem pensar em nada, somente observando.

Saio desse transe matinal, assim que Nana entra no quarto com uma bandeja em mãos. Tomo meu café da manhã e logo sou mandada para meu quarto, para me ajeitar, pois ainda preciso escolher o vestido que irei ao aniversário. Sento em minha cama, e me jogo para trás.

Acordei com uma vontade de não ir a esse baile, porém como a Natalie é minha melhor amiga, não poderei faltar. Ela vai ficar bem triste comigo e não quero isso. Tento evitar o máximo que as pessoas fiquem chateadas comigo, pois não gosto de ser motivo de suas tristezas. Como eu tive aquele pesadelo ontem e achei ter visto um homem no jardim, creio que isso seja coisa de minha cabeça. O medo esta falando.

Iria hoje para o castelo dela, ficaria até amanhã que é o aniversário, mas, falei com Nana que adiaria. Ainda sinto uma sensação estranha dentro de mim. Algo está chegando, algo vai acontecer, mas não consegui entender o que é. Essa é uma sensação totalmente nova. Estou assustada.

Infelizmente, não posso ficar deitada o dia todo. Sei disso quando Nana entra com uma expressão irritada.

— Certo. Irei me aprontar. — Levanto totalmente indisposta. — Espero que seja rápido.

Desço a escada, preciso ir até a sala principal, a costureira está me esperando. Tomei um banho rápido, me vesti o mais confortável possível e decidi que após experimentar os vestidos, irei ficar na biblioteca procurando algo interessante para ler.

— Bom dia, senhora. — Falo fazendo uma leve reverência assim que chego.

A senhora parada me olha, se levantando apressadamente para me fazer uma reverência. Seus cabelos estão em transição pro branco, ela deve ter uma certa idade já. Tem tantos baús no ambiente que fico até assustada.

— Bom dia, princesa. Não precisava ter me feito reverência, eu sim que deveria fazer. — Diz, fazendo outra reverência.

— Não se preocupe, não acho certo só nós podermos receber a reverência, tenho ela como um ato de respeito. Então, não se preocupe. Tem mais idade e experiência que eu, deve ser respeitada isso. — Sou sincera, isso faz com que sua bochecha fique avermelhada. — Tem muitos vestidos? — Mudo de assunto.

Vestidos são minha paixão, desde pequena sou encantada pelos mais diversos modelos. Gosto dos largos, dos apertados em cima e cheio embaixo. Gosto dos curtos também, mas Nana diz que não posso usar, é coisa de mulher de vida fácil.

Não acho certo, mas, não posso opinar. Mesmo sabendo que eles me deixam mais livre para nadar ou subir em árvores, assim como gosto. Se minha babá soubesse que costumo retirar toda essa roupa pesada para nadar, às vezes até tiro tudo, certamente, enlouqueceria.

— Tenho todos os modelos e cores que possa imaginar, princesa. — Abro um sorriso enorme, isso me faz esquecer o pressentimento que estou.

Nana se aproxima de onde estamos e fala para irmos para meu quarto, pois lá teríamos privacidade. Concordo, já que os guardas estão até aqui dentro do castelo. Tenho certeza que o que vi ontem foi devido ao pesadelo, como alguém entrou aqui e não foi visto pelos guardas? É impossível. Isso é algo que minha imaginação aflorada criaria.

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