Capítulo 3 °

A hora do baile se aproxima, termino de me arrumar, dessa vez meu cabelo está preso em um coque muito bonito com uma tiara ornamentada. Não quero esse cabelo todo me atrapalhando na hora da festa. Dispensei a maquiagem, só o vestido e meu cabelo bem vermelho chamam a atenção. O vestido é marfim, tem o corpete bem apertado com pontos brilhantes e a parte debaixo aberta em camadas. Foi amor à primeira vista.

Sigo em direção a carruagem que me levará, Nana vai comigo como acompanhante. Ela também está linda em seu vestido de baile. Assim que entramos, o cocheiro já se põe a conduzir nosso transporte.

O reino vizinho não é tão longe, mas demora um pouco até chegar. Escuto o galopar de mais cavalos que o normal, abro uma fresta na janela e vejo o tanto de guardas em cavalos ao nosso redor.

- Por que tantos guardas? - Volto a me sentar direito, para olhar Nana.

- Precaução. O caminho entre os reinos tende a ser muito perigoso ao entardecer. - Responde, mas sinto que não é só isso. Não irei insistir.

- Ah, entendi. Proteção nunca é demais.

- Sim, e precisamos de toda ela nos próximos dias. - Diz, encostando e fechando os olhos. O que eles sabem, mas não querem me contar?

A viagem foi tranquila, nenhum contratempo pelo caminho. Assim que saio da carruagem, sigo em direção a porta de entrada. Quando entro, percebo que a decoração aqui dentro é mais bonita ainda, digno do aniversário de uma princesa.

Olho ao redor, por ser mais cedo que o normal, ainda não tem tantos convidados presentes. Avisto minha amiga e corro em direção a ela, abraçando assim que chego mais perto.

- Uau, você está tão linda! - Diz, retribuindo o abraço.

- Aah, você que está. - Me separo e a avalio. - Esse vestido vermelho ficou tão lindo em você. - Sou sincera. - Aliás, tudo aqui está magnífico. - Comento olhando a ornamentação ao redor. - Já ia me esquecendo, feliz aniversário, princesa. - Abraço seu corpo com força. - Trouxe algo para você. Espero que goste. - Tiro o pequeno pedaço de pano que cobria o presente e estendo para ela.

- Nossa, é tão lindo. - Diz, observando de perto a pequena escultura de madeira que fiz para ela. - Eu amo dragões. - Seu sorriso é enorme.

Mesmo que eu não acredite muito no mundo mágico, minha amiga é fascinada. Dragões são a sua paixão, por isso decidi esculpir um para ela. De acordo com seu livro favorito.

- Eu amei. - Se j**a em mim novamente, para me abraçar. - É o melhor presente que já recebi em toda minha vida. - Me solta e volta a olhar pro objeto.

- Não exagere. - Desvio o olhar pro lado envergonhada. - É tão simples.

- É minimalista e tão real. Preciso mostrar a minha mãe. - Diz animada. - Vamos? - Me olha com expectativa.

- Irei tomar um ar, estou me sentindo sufocada.

- Conte-me uma novidade. - Revira os olhos. - Não some, tenho de mostrar o filho de um amigo do meu pai, ele é lindo.

- Pode deixar. - Ela hesita por um momento, mas, a empolgação faz com que corra em direção aos seus pais.

Nana está de longe me olhando, faço careta por isso. Minha fuga para o jardim vai ser adiada. O que disse a Natalie é verdade, mas ela está acostumada a isso. Às vezes, preciso sair e respirar um pouco perto da natureza, sinto falta quando fico meio a um local tão coberto e fechado assim. Ultimamente isso tem piorado, mas não sei o motivo.

- Aceita uma dança, senhorita? - Olho para trás e vejo um menino que desconheço, mas, ele vai me ajudar a conseguir o que quero, que é fugir.

- Claro. - Seguro em sua mão, e seguimos em direção ao centro do salão. Olho para Nana, ela abre um sorriso bem satisfeito.

Irei me distrair por algum tempo, assim que ela pensar que estou apreciando o baile, irei me esgueirar pelos cantos até o lado de fora. Não é algo incomum, sempre faço isso, não vai ter tanto problema assim.

(...)

Acabei me distraindo tanto com as músicas alegres, e com as pessoas dançando ao meu redor, que acabei esquecendo que queria ir para fora. No momento, estou perto da mesa com as bebidas, olhando para os que ficaram dançando.

Natalie está se divertindo bastante, vê-la assim me deixa feliz. Levo a taça até a boca, mas não bebo, pois sinto um aperto bem forte no peito. Levo a mão ao local e aperto, mas a sensação não passa. Sinto que estou prestes a sufocar, devo estar assim por não ter saído antes.

Deixo o copo na mesa, olho para os lados e ando em direção à saída. A animação está tanta que, nenhum dos convidados alegres pelas bebidas reparam em mim. Nana está conversando com a mãe de Natalie, isso me deixa passar despercebida.

O jardim está, estranhamente, deserto quando me aproximo dele. Nenhum guarda a vista, isso é um pouco estranho. Acabo me distraindo com o brilho da lua, ela está tão linda e exuberante, que ilumina bem onde estou.

Fecho os olhos, puxo o ar com força e solto lentamente. A noite está cheirosa, um cheiro doce e agradável, isso faz meu corpo se sentir confortável. Nem o vestido apertado em excesso ao redor de meu busto e cintura está me incomodando.

Me deixo ser guiada pelo cheiro, torcendo para não tropeçar e cair. Paro quando sinto que estou prestes a bater em algo. Vejo que estou próxima a entrada do labirinto que tem no grande jardim. São cinco quadrados, que tem o maior e depois vai diminuindo, porém, tem uma saída em cada um deles. Olhar para ele de uma das janelas do andar de cima, nos faz ver o quão bonito e bem pensado eles são.

Meu corpo fica tenso no mesmo instante em que me arrepio toda, viro para olhar para trás, mas fico em choque quando vejo. A mesma silhueta que me deixou com medo durante esses dias, está um pouco distante de mim. Não tenho escapatória, apenas o labirinto atrás de mim.

O homem vem em minha direção, tudo que faço é correr para dentro do que pode me salvar. Penso em gritar, mas posso ficar em silêncio e me esconder. Conheço esse labirinto muito melhor que quem me persegue. Pelo menos eu acho. Meu desespero é tanto, que minha corrida para fugir fez meu cabelo soltar e atrapalhar um pouco minha visão.

- Não. - Grito quando sinto a tiara escorregar pela minha cabeça e ir de encontro ao chão. Paro de correr, me viro e olho para o chão disposta a encontrar. Meus olhos se manifestam, estou chorando e não é pelo medo, é por ser uma das únicas coisas que tenho, era de minha mãe.

- Por favor, por favor. - Me ajoelho no chão e começo a tocar, procurando em meio a pouca luz que as paredes estreitas proporcionam.

Minha mão congela quando sinto a bota de couro de alguém. Não ouso me mexer, estou paralisada pelo medo. Continuo com os joelhos e mãos no chão, e com a cabeça baixa. Fecho os olhos com força, sabendo que não escaparei.

- Olá, princesa. - Seu tom me causa calafrios. - Não tem noção do quanto esperei por esse momento.

Por que não consigo me mexer? Preciso fugir, me salvar, mas não estou conseguindo reagir. Esse deve ter sido o motivo de meu pressentimento, mesmo tentando adiar meu sofrimento, lá no fundo sabia que não era apenas minha imaginação.

- Nós iremos nos divertir muito agora que te peguei. - Sussurra perto do meu ouvido.

Consigo me jogar para trás, e virar para me levantar. Em um ato de coragem, ou loucura. Pelo barulho, o homem parece ter se assustado e recuado. Me atrapalho, mas consigo ficar de pé e correr, mas não dura muito, pois logo sinto uma mão forte me segurar. Um pano úmido é colocado em meu nariz e sem demoras, meu corpo fica mole nas mãos do homem.

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