Para nossa desgraça, os avisos de Giana se mostraram verdadeiros. É isso que estamos comprovando ao ver, em pleno salão, Liam golpeando meu pai e meu pai golpeando Liam. Os dois parecem mal, até vejo sangue na camisa de Sergio e no nariz de Liam. O resto dos convidados está afastado desses dois, alarmados com a cena. Com exceção de alguns casos.Por exemplo, Lucia, Clara e Leah estão tirando as crianças do salão; enquanto América está sentada em uma cadeira sem reagir e pálida. Essa senhora não faz nada, nem vê a briga que deve estar acontecendo por sua culpa. Não é preciso mencionar o constrangimento dos pais de Andrew ou do próprio Andrew, nem o desespero de Amanda. Esta implora à sua mãe que reaja, mas ela não o faz.Antes que queiram ir para outra rodada de golpes, e derrubar mais da louça do hotel, já que se vê que derrubaram parte dela na mesa próxima; Lemuel e agora Luciano se metem no meio desses dois. Lemuel segurando seu irmão, e Luciano seu sogro.—É o suficiente para os doi
Encontrar o local onde Sergio decidiu gritar a plenos pulmões com América é mais fácil do que imaginei. Ele escolheu uma das salas privativas e de fora escuto seus gritos estridentes.—POR QUE VOCÊ NÃO É CAPAZ DE REAGIR, MULHER INCOMPETENTE? DE ONDE VOCÊS SE CONHECEM? COMO VOCÊS SE CONHECEM?—Pai, pare de gritar assim com a minha mãe... — implora Amanda.Entro na sala para encontrar mais do mesmo. América sentada em uma cadeira esfregando suas pernas com as mãos, a cor de sua pele não melhorou. Amanda está grudada nela. Sergio gritando de pé.—NÃO SE META, AMANDA! — ele grita.—Como quer que eu não me meta? É a minha mãe! Você não pode continuar humilhando-a por culpa do sogro da sua filha favorita! — recrimina Amanda, sim, olhando para mim com ódio.Claro, porque eu era a culpada de que nenhum dos dois soubesse se controlar no casamento de seus filhos. Mesmo assim, eu devia acalmar as coisas por aqui.—Pai, Amanda tem razão. Você deve parar de gritar e se acalmar — aconselho.Sergio f
—Você precisa se acalmar. Luciano está casado comigo, Belmonte Raíces está em boas mãos — afirmo.—Você é estúpida ou está se fazendo? — recrimina cruelmente América — Os Brown vão nos destruir até os alicerces.—Não vão. Sou a esposa de Luciano. Para que ele destruiria a empresa da sua família política? Essa em que investiu tanto dinheiro? Quem não está raciocinando bem é você, América.—Nossa empresa não é nada para eles, nada — insiste América.—Você também está sendo obtusa — acuso e olho para Sergio confiante — Vou me candidatar para ser a CEO da empresa. Tenho tido um bom desempenho, me casei com ele, em alguns anos, quando ele deixar o cargo, vai cedê-lo a mim. Trabalharei até colapsar se for necessário. Não deixarei que ele destrua a Belmonte Raíces.Então Sergio pega minhas mãos e as usa para apoiar sua cabeça nelas. Sinto-o tremer de medo, de desespero. Desse mesmo medo e desespero que está me invadindo.—Já comprovei. Você é estúpida e ingênua. Tudo o que essa gente toca, qu
Narrado por Luciano BrownSempre fui uma ave em liberdade. Voei para onde quis, como quis e com quem quis. Sem limites, sem prestar contas a ninguém, sem desperdiçar minhas energias em conexões emocionais ou apegos desnecessários.Essa tinha sido minha vida, esta excitante vida que tive a sorte ou desgraça de viver. Talvez deva pedir perdão àqueles que incomodei ou feri neste trajeto, mas dizem que pessoas feridas costumam ferir os outros. O que mais se poderia esperar de alguém como eu? Abandonado por sua mãe, à mercê de um pai alcoólatra e na batalha constante por ter a atenção da minha avó.Fiz o que fiz, não me arrependo, não me sinto culpado. Ou era assim, até que tive um lembrete de que o tempo não perdoa ninguém, incluindo a mim. O Luciano de 18 anos não era o mesmo de 34, e inevitavelmente o peso das consequências do que uma vez fiz teria que me alcançar.Estive consciente de que nesta vida tudo se paga, e com gosto pagaria esse preço. O pequeno inconveniente era que havia me p
—Não aqui. Nos Estados Unidos. Embora minha filha more aqui. Ela trabalha com construção — resolve Maria.Ela analisa o rosto de Maria com muito cuidado. Não compra imediatamente essa explicação. Até que vai aceitando-a.—Construção? Por acaso seria nos anexos em que a Belmonte Raíces está trabalhando? Tenho supervisionado essa obra e... acho que vi sua filha... ela é igual a você, mas com cabelo... cabelo loiro? Estou enganada?Marianne sem saber dá um golpe de mestre em Maria. Seu rosto revela isso, ela a pegou. Claro que a pegou, cometeu dois erros de principiante apesar de seus longos anos de experiência: nunca subestime um alvo e não interaja diretamente com eles.No seu plano não estava que Marianne tivesse nos escutado, nem que fosse tão curiosa. Era melhor vir me advertir que eu não deveria ter me casado com ela. Mesmo assim, a esta altura eu não dava a mínima para suas opiniões. Meu casamento aconteceu exatamente como planejei.—Deve ser ela — ri Maria — só que com muitos anos
—Tio, por que você é tão mau com Liam? Você gosta que meu avô fique te repreendendo por ser tão cruel? — comenta Sara.Eu gostaria de ignorar o fato de que a filha de Leonel, meu odiado primo, esteja me chamando de "tio". Esse é um laço emocional que eu não gostaria de ter. Mas que tenho mesmo assim, para meu pesar. Quando Sara entrou na família, ela me chegava à cintura, agora podíamos nos olhar nos olhos de tanto que ela havia crescido.—Não gosto de broncas... nem de Liam. Ficarei mal de qualquer jeito, Sarita — respondo. Sara ri.—É verdade que você levou o senhor Liam ao hospital pelos golpes que o pai de Marianne deu nele? — pergunta extremamente interessada.A verdade não é tão interessante como ela conta. Ao separar Liam de Sergio, disse a ele que se comportasse. Ele reclamou, que como eu pude me casar com a enteada de América, que se eu não tinha uma gota de sangue nas veias e que era um bom filho da minha mãe. Bancando o digno, ele saiu com Leah e Lemuel. Tiveram que levá-lo
Narrado por Luciano BrownDei a ela o casamento que quis, a satisfiz como quis, e fui tão longe a ponto de dar-lhe a exclusividade do meu corpo. Marianne não podia reclamar de mim, mas eu tenho muitas reclamações dela. Começando por sua insistência em não se separar de Giana a estas horas da madrugada.São 2:00 da manhã, a maioria dos nossos convidados já saiu do hotel e estou dando um chute de despedida nos últimos. No entanto, olho e olho de soslaio no salão quase vazio para minha esposa rindo como uma criança de pré-escola com sua amiga.—Posso saber para onde vocês vão em lua de mel? Por quanto tempo? — pergunta Lucía com Levi dormindo em seus braços. O bebê está sem sapatos e sem camisa, ficou só de fralda.—As Maldivas, acho que ouvi... — digo distraído, olhando para trás.Marianne agora está tentando pintar os lábios de Giana. É um batom vermelho e ela borra todo o rosto. As duas morrem de rir, novamente, como duas meninas.—Não acredito! Leandro e eu também fomos para lá em lua
—Nós nos casamos mesmo ou isso é um sonho? — pergunta com os olhos fechados. Cheira bastante a álcool.—Em que momento você ficou nesse estado? Te deixei sozinha por menos de uma hora e te encontro assim. Você não precisava beber tanto esta noite, Marianne — recrimino, sentindo-me ridículo.—Como assim não devia bebel? — soluça — Se a noiva não bebe no seu casamento, quem pode beber?Entro no elevador para subir ao nosso quarto e aperto o botão. Não me complico muito com isso, era especialista em manobrar uma mulher nos meus braços e fazer outras atividades simultaneamente.—Beber pode, não o bar inteiro — lembro a ela.—Não bebi todoooo o bar. Só uma garrafinha de... de... o que foi que eu bebi? — confunde-se, e eu reviro os olhos. Saio do elevador — Era para os nervos.—Imagino que fosse — digo sarcasticamente, abrindo a porta da nossa suíte.A visão que tenho me deixa ainda mais irritado. As pétalas na cama, as velas nos móveis, o champanhe com as taças para brindar. Tudo tinha ido