Estou chegando na casa dos meus pais. Ao entrar, os aromas da cozinha me impressionam. Lá está a mamãe vigiando seu frango assado, e aqui estou indo até ela deixando minha maleta no sofá, quando ela me vê, ela me abraça com força.— Como está minha mulher de negócios favorita?— Um pouco cansada da noite passada, mas bem, muito trabalho — minto.— Sair para festejar é trabalho? Não, que inveja, minha irmã — diz Louis que está brincando com o celular por perto.— Você não se cansa de pensar o pior e acertar sobre sua irmã? — digo a Louis que para de olhar para a tela para me olhar com um sorriso.— Nunca. E o papai disse para você subir para o escritório dele quando chegasse.Olho para a mamãe para saber por que ela pediu isso, ela diz que sabia como era Leonel, que eu me preparasse para conversar sobre papelada antes de comer, e que não demorássemos muito lá em cima. Ela sabia que falaríamos sobre isso, não que seria antes do almoço.Como estou fazendo pontos com meu pai para consertar
Narrado por Lorenzo LewisEra suposto que meu casamento com Emma não poderia piorar, porque já de si, casarmos nessas circunstâncias não pressagiava nada de bom para nossa saúde emocional. No entanto, eu não esperava que a condição de Emma fosse tão grave. Não estou falando apenas do que ouvi ela conversar com a mãe e posteriormente descobri sobre a vida dela, mas sim de sua condição de saúde.Os exames que fizeram nela hoje na clínica saíram terríveis. Ela está desidratada, o estômago está inflamado, e a avaliação psicológica, também não foi bem. Depressão e ansiedade, os melhores presentes de casamento.Um casamento que está sendo apressado por Victoria e Mauro de uma maneira ridícula. Totalmente ridícula. A mudança de datas e a pressão que estão nos fazendo, levaram Emma a este ponto. Ela parece um fantasma, e pode ser que ela tenha prometido aos médicos que seguirá o tratamento, que vai se cuidar, mas nenhum de nós tem essa garantia.Embora eu mal possa vê-la de relance por estar d
Tal Jesus deve ter isso, tenho que esperar se ele tem Emma nesta condição e Sara pegou confiança demais com ele. Estou apertando meu volante com mais força do que deveria, paro de fazê-lo, me concentro na realidade.— Não pense nessas coisas. Não te levarão a nenhum lugar bom — reflito.Emma fica calada limpando suas lágrimas. Meu celular toca, atendo pela estranheza, é Julián.— Lorenzo, estou com Richard. Ele e eu queremos conversar com você urgentemente. Estamos no escritório do papai — me informa.— Aconteceu algo ruim com o papai? — questiono.— Não, é por algo mais. Estamos te esperando — diz secamente.— Aguardem alguns minutos enquanto deixo Emma em casa, vou depois.— Ok — desliga.— Seu irmão continua chateado com você? Vocês ainda não resolveram isso? — questiona Emma. Tenho que sorrir.— Ele está chateado comigo desde que é criança. Isso, ou essa é a personalidade dele — tento fazer disso uma piada.— Bem... não conheço muito seu irmão, mas... as poucas vezes que interagi c
Passos caóticos da equipe médica invadem o quarto do meu pai, assim como os soluços de Richard chorando ao lado de sua cama, assim como as palavras de consolo que Julián lhe dá com o braço em seus ombros. Mas nenhum som é tão alto quanto os gritos de Victoria.— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO!? FAÇAM ELE REAGIR! — ela exclama agitada.Não é que eles não quisessem fazer nada, é que eles estavam fazendo de tudo e nada era suficiente. O médico sobre meu pai está lhe dando reanimação cardiopulmonar parecendo uma máquina. Até que eles conseguem o que querem porque usam o desfibrilador. Ao terminar com isso, o médico volta à RCP.— VOCÊS NÃO PODEM DEIXÁ-LO MORRER! SE ELE MORRER, EU VOU FAZER COM QUE TODOS SEJAM DEMITIDOS! — grita Victoria.Neste momento, eu sou apenas uma casca vazia. Eu estava tão cansado de tudo e de todos nesta casa. Eu queria me agarrar a uma melhor lembrança da minha família nesta cena, mas não consigo me lembrar de nenhuma. Não me vem a lembrança da minha mãe sendo carinhos
Desvio o olhar para o lado onde estão meus irmãos, um está pior que o outro. Richard está afogado em lágrimas, e Julián está olhando para trás. Os dois parecem duas crianças indefesas. À espera de que o pai os chame para se aproximarem, mas como ele não o faz, eles ficam de lado.Esperando um chamado que nunca chegará.— Richard e Julián também estão aqui… — informo.Lorenzo murmura algo muito baixo, que não consigo entender. Por isso me aproximo muito mais do rosto dele para ouvi-lo.— Não são meus. Essas crianças não são minhas… você sim… meu único filho…Minha expressão se desfaz imediatamente. O estado de Lorenzo também piora imediatamente.Ele começa a tossir terrivelmente, como se estivesse se afogando na própria saliva. Nem Julián, nem Richard conseguem ficar parados, eles vêm para a cama para fazer exclamações e lamentações sobre Lorenzo. Victoria também não fica para trás, ela grita que seus funcionários são uns malditos inúteis, e vem desesperada para a cama.— Você não pode
— No futuro onde você vai ganhar as eleições? — comento.— Com seu apoio e financiamento, poderei fazer isso.— E se isso não for suficiente? — questiono.— Ah, acredite, será mais que suficiente. Com você será suficiente, honrando o acordo que temos...Detecto aqui uma maneira divertida de contradizê-lo.— Quer dizer o acordo que teve com um morto? Porque... meu pai está ali, naquele caixão esperando para ser enterrado... e sua viúva ali, chorando por sua perda — tenho que olhá-lo com um leve sorriso que se forma nos meus lábios.Ao vê-lo, sinto calafrios, porque ele está sorrindo da mesma maneira.— Acordos com mulheres são insignificantes. Tão insignificantes quanto elas. Não vamos mais mencionar sua mãe em nossas negociações daqui pra frente. Posso contar com sua palavra?— Mauro! — Victoria se aproxima de nós em seu papel de viúva sofrida — Ele me abandonou, Lorenzo me deixou...— Ele está num lugar sem sofrimento, Victoria... — este consola com uma expressão falsa de compaixão.M
Narrado por Lorenzo LewisEstou tão perdido apertando Sara entre meus braços, com meu rosto em seu peito que não percebo até que é muito tarde, como estive enfiando meu nariz literalmente entre seus seios. Tal percepção me faz recuar ao me dar conta do quão inapropriado isso é. Limpo minha garganta e volto a apoiar minhas costas na parede.— Como você sabia que eu estava aqui? — pergunto a ela.Sara se acomoda ao meu lado, senta-se no chão como eu, imitando a mesma posição em que estou.— Você gostava de se esconder aqui quando era criança. Como perguntei por você e ninguém sabia onde estava, digamos que me esgueirei por onde não devia — explica com muita tranquilidade.Era até vergonhoso o quão fácil era de ser lido por ela. Também reconfortante, que ela se lembrasse desse detalhe. Suponho que com Sara eu me sentia importante para alguém, alguém que na verdade não precisava de mim nem por interesse, nem por obrigação.— Você acertou... — digo abatido.— Quer falar sobre o que está pas
Sara tinha razão, se esse testamento me colocasse acima da própria Victoria, eu não teria que me submeter a mais ninguém, nem a ela mesma. Marcaria um antes e depois no... poder que Victoria tinha sobre minha vida.Se for assim... suas ameaças sobre Sara, eu poderia neutralizá-las.— E... e... Emma? Como ela tem passado do estômago? — pergunta Sara como se perguntasse isso sem interesse. Além de mudar completamente o assunto e parar de me tocar.Minha testa se enruga porque eu não sabia como Sara tinha ficado sabendo da saúde de Emma. O quanto ela sabia sobre sua bulimia? De onde vinha essa pergunta agora?— Como você sabe disso? — questiono estranhando.Sara me olha muito assustada e magoada.— Então... é verdade? — pergunta suavemente.— Verdade o quê? Sobre sua condição de-— Você a engravidou mesmo? — me interrompe Sara agitada.Pisco lentamente, repetindo o que ela acabou de dizer na minha mente. Estou muito confuso, ridiculamente confuso. Embora nasça em mim um estranho prazer ao