Felipa
O desgraçado teve a ousadia de ameaçar fechar a empresa e deixar todos desempregados se eu não fizesse o que mandava. Pude ver em seus olhos que não era blefe.
Por isso estou aqui, encarando a mensagem que me mandou.
Só volto a realidade quando uma ligação cai. Só assim percebo que ainda estou andando por uma rua qualquer.
É quase nove da manhã.
— Tia? — atendo. — Acon... — antes de completar, ouço seu choro. — Tia?
— O que vou fazer, Lipa? O que vai ser de mim? — ela chora muito.
— O que aconteceu?
O barulho de uma ambulância me assusta.
Ela não fala nada, apenas chora.
— Onde você está?
— Estamos indo ao hospital.
Hospital? Meu coração está batendo rápido e desesperado.
Mal noto o momento em que pergunto o número do hospital e aceno para um táxi.
Chego ao hospital e nem preciso perguntar por ela. Vejo minha tia na sala de espera conversando com um médico. Ando o mais rápido possível, meu coração doendo ao ver ela desabar de joelhos diante do homem.
— Tia? — chamo.
Ela me olha