Aquiles Vincent Escobar é um homem ambicioso que fará de tudo para conseguir colocar a mão na herança disputada pela sua família, inclusive forçar um casamento falso com a "barriga de aluguel" que carrega seu filho. Felipa Baker é uma moça simples e batalhadora. Jamais imaginou que seria ameaçada de perder o pouco que tem se não aceitasse carregar o filho de um CEO manipulador. Convivência forçada. Intrigas. Perseguições. Um casamento falso com um toque de verdade.
Ler mais— O senhor Escobar a aguarda. — A secretária avisa me olhando novamente dos pés a cabeça. Como se não tivesse feito isso já duas vezes desde que entrei na sala. Ela sempre faz isso. E eu nunca me acostumo. Que mulher nojenta.
Eu não sou a mais bela, também não sou deformada. Não entendo essa antipatia da secretária do CEO.
E eu entendo menos ainda o que esse aprendiz de traficante deseja de mim.
Não que ele seja traficante mesmo. É o nome. É impossível não pensar no Pablo quando escuto Escobar.
Seja o que for, tenho que escutar. Tenho que agradar o CEO. Hoje minha tia Joyce faz trinta anos que trabalha aqui. Tem gente que sonha com cargos melhores, salários melhores, ela não, seu sonho sempre foi se aposentar aqui, cozinhando para os funcionários da empresa. Ela ama esse trabalho e essas pessoas que trabalham aqui. Enquanto eu só estou aqui para pagar minha contas até o fim do curso. Serei veterinária e terei uma fazenda. Não serei sempre uma das meninas da faxina como agora. Se é um cargo com seus méritos, claro, afinal paga minha contas. Mas sonho alto. Sonhar é grátis. Lutar pelo sonho também.
Bato na porta e escuto um “entre”.
Assim que entro e fecho a porta atrás de mim, noto o homem de pé diante da janela imensa de vidro que dá para algo como uma sacada. A vista é linda.
A vista dele também, Aquiles Vincent Escobar é um homem de tirar o fôlego. Um metro e noventa de beleza bem distribuída. Cabelos lisos e escuros penteados para trás, o terno azul escuro pendurado em um gancho na parede enquanto seu peitoral quase saltava na camisa preta sob o colete do mesmo tom do terno e mesmo tom das calças.
Passo meus olhos pelo seu corpo dos pés a cabeça. Assim como a secretária fez comigo.
Ele se vira para mim afrouxando a gravata escura. Seus olhos da cor do uísque que bilionários como ele costumam tomar nos livros e filmes de romance. São hipnotizantes.
— Tenho um contrato para que leia e assine, senhorita Baker.
Limpo a garganta para espantar os pensamento involuntários, nada decentes. Coisas que envolvem eu tirando a roupa dele e ficando de joelhos.
Sim, eu tenho problemas com minha imaginação.
— Contrato? — questiono.
Não consigo imaginar algo que uma funcionária da faxina precisa assinar na presença do poderoso CEO.
— Fiz algo tão errado assim?
Ele levanta a sobrancelha, parece confuso.
— Tratamos sempre com o RH. Se eu estou aqui é porque é sério. E confesso que mesmo se tivesse falto algo grave, não consigo imaginar um motivo para estar aqui.
— Você fala demais, alguém já te disse isso? — diz impaciente. — Apenas leia e assine.
— Senhor... Que tipo de contrato o CEO teria com alguém que nunca viu?
É um fato. Durante esses doze meses que trabalho aqui nunca sequer olhei nos olhos desse homem.
— Um que vai garantir o emprego seu e de sua tia pelos próximos anos.
Isso é uma ameaça? Me pareceu uma ameaça.
Decido não discutir antes de ler o que tem nesse tal contrato.
Me aproximo da mesa e pego o papel.
— Pode sentar.
Penso em dizer não, mas mudo de ideia e sento na cadeira confortável.
“Contrato de Gestação por Substituição”. Leio.
Que porra é essa?
Leio a parte que tem os nomes das partes envolvidas. Que nesse caso somos nós dois.
Quando termina isso é que começa a pegadinha. Só pode ser pegadinha.
— A Gestante concorda em carregar e dar à luz ao filho de Aquiles Vincent Escobar mediante os termos e condições deste Contrato. — Leio em voz alta.
Ele não parece nada incomodado, ainda parado no mesmo lugar.
— O senhor está me confundindo com alguém? É isso?
— De forma alguma. Eu escolhi você.
— Por que?
A pergunta que não quer calar.
— Porque eu quero. E porque eu posso.
Mas que filho da puta atrevido. Que vontade de subir na cadeira e socar sua cara.
— E acha que vou ceder a minha barriga para carregar um filho seu e depois entregá-lo?
— Será bem recompensada.
— Senhor, eu devo conhecer pelo menos doze mulheres que literalmente matariam para estar aqui e assinar isso. Todas que trabalham aqui. Só que eu não sou uma delas.
— Que pena. — Ele caminha e senta, colocando os pés sobre a mesa, me encarando. — Hoje soube sobre a sua tia. Até mesmo mandei um presente pelos trinta anos conosco. Seria uma pena ela perder o emprego.
— Está me ameaçando?
Ele sorri. O safado sorri.
Não. Isso é muito estranho. Não tem como ser real.
Nego sorrindo.
— Já sei. Eu estou sonhando. Só pode ser isso.
— Eu tenho meus motivos para ter escolhido você. E será você.
Sorrio novamente, descrente, e me levanto.
— Claro. Posso esperar aqui o sonho acabar? Ou agora pulamos para a parte em que já estou parindo seu filho?
Ele se aproxima e me belisca a bunda. Me surpreendo com essa ousadia.
— Ai! Por que fez isso?
— Apenas pare de agir como se estivesse sonhando. Mandamos uma cópia do contrato no seu e-mail. Leia as condições e benefícios e volte aqui amanhã às nove. Pode sair.
Quando estou na porta, ele chama de volta. Olho para trás ainda com a mão na maçaneta.
— Senhorita Baker, diga a sua tia que espero que ela tenha gostado do presente.
Saio da sala do CEO como se fosse um zumbi. Nem ligo para os olhares da secretária.
Eu não estou entendendo nada. Por que um homem tão poderoso iria me querer como barriga de aluguel do seu filho? Ao ponto de me ameaçar.
Que eu saiba não tenho nenhum gene raro ou inteligência superior, muito menos uma beleza única, rara. Sou apenas uma mulher comum, com meus 1,60 de altura, corpo normal e cabelos ondulados e rebeldes.
Então, que porra está acontecendo?
Eu ainda acho que é um sonho. Isso não faz sentido.
AquilesMeses depois...Eu já sabia que uma hora o velho Escobar partiria, mas, sendo sincero, uma parte minha queria que ele fosse eterno e continuasse suas ameaças de mudar o testamento. Depois que desisti da herança, pude perceber que tudo que eu queria era tempo com ele. Não que eu tenha desperdiçado meu tempo, sei que desde sempre tivemos uma boa ligação e conveniência. Vou sentir falta. Principalmente de o ver com a costumeira bengala e a companheira teimosia.Enfim, espero que esteja melhor onde estiver.Chegou o dia da leitura do testamento.O velho mandar instalar um telão no quintal da sua mansão, do estilo cinema de estacionamento, daqueles filmes antigos onde as pessoas assistem dos carros, mas no lugar dos carros foram disponibilizadas várias cadeiras. Coisas que o velho Escobar ama fazer (chamar a atenção com exageros).Os advogados explicam a parte técnica, e logo o vídeo começa com a imagem do velho Escobar sentado em sua poltrona favorita, segurando sua bengala.Ele o
FelipaMeses depois...Passaram vários meses desde que tivemos a conversa no quarto das meninas. Naquela noite eu dormi aninhada ao corpo duro do meu marido. Não fizemos nada, apenas dormimos. Afinal, acabei de passar por um parto. Mas quando o médico liberou... devo dizer que matamos toda a saudade. Desde aquele dia não teve um que passamos sem nos amar. Dessa vez é tudo tão mais intenso, sem regras, sem contratos, apenas amor e desejo.As nossas princesas estão crescendo lindas e sapecas. Viraram a paixão do vovô Escobar. Ele dá atenção a todas as crianças que vieram por causa da tal herança, inclusive o menino da piranha da Gabrielle, mas sinto que o amor que sente por elas é maior, assim como vejo o quanto ele prefere Vincent aos outros parentes.Nos últimos dias tivemos que passar bastante tempo com ele, que está de cama. Segundo ele, a doença e a idade vão levá-lo em breve, mas está feliz por ter passado momentos tão felizes com todas as crianças, e seus amigos. Também por ter
FelipaO carro para diante da mansão, logo o portão é aberto e o motorista continua dirigindo.Apesar de Vincent ter me visitado no hospital todos os dias e meus tios terem confirmado sua história sobre a vagabunda da Gabrielle, me sinto estranha entrando aqui. Ainda mais estranha quando entro no quarto das meninas, no qual nada fui eu que coloquei.Fiquei no hospital até o dia em que elas foram liberadas. Saímos juntas, claro que rodeadas de amigos babões.Passo o dia recebendo visitas. Os pais de Vincent acabaram de sair.Mal percebo que estou cochilando no sofá quando meu marido me pega no colo.— O que está fazendo? — murmuro sonolenta.— Acabou de dar a luz a gêmeas, não pode dormir aqui.Não reclamo, deixo que ele me leve escada acima, até perceber que está passando direto do meu quarto.— Onde está me levando?— Ao nosso quarto.— Nosso?— Nosso, senhora Escobar. Deixa de ser teimosa e aceita que nos amamos e vamos viver juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, at
AquilesDepois de uma conversa sincera com os tios de Felipa, ele decidam ir sem me matar.Tive que contornar a situação que Gabrielle criou por dois motivos: os Baker são pessoas simples e são amigos do velho Escobar, que não só me tiraria do testamento quanto me mataria se soubesse que magoei seus amigos.— Senhor, seu telefone não para de tocar. — Uma empregada entrega o celular que acabei deixando na cozinha.Vejo uma ligação de Jordan que logo cai.Quando vou ligar de volta percebo várias ligações de Felipa e uma mensagem de voz. Uma mistura de choro e palavras que doeu meu coração.Vocês estão zombando de mim. Contou a ela que era tudo mentira e estava zombando de mim. A primeira coisa que penso quando escuto isso é que Gabrielle ouviu a conversa antes de sair daqui e foi direto até Felipa. Maldita cobra.Felipa continua falando até gritar de... dor?Eu te odeio tanto, Vincent. Aii... Deus. Se eu perder as minhas filhas nunca vou te perdoar.Ela faz uma longa pausa onde só ouço
AquilesMeus empregados decidiram que os tios de Felipa não precisam ser anunciados. Por isso essa merda está acontecendo. Gabrielle no meu colo enquanto os dois me olham chocados.E não, eu não estava e nem pretendia trair Felipa. Essa louca entrou dizendo um monte de merda sobre o filho que perdeu meses atrás. Segundo ela foi o destino, que ela tinha que ter um filho meu e não do Marco. Sinceramente não faço ideia do porque ela está me rondando depois de todos esses anos, e nem ligo.Não ia transar com ela no escritório aquele dia, e nem hoje, mas do mesmo jeito que Felipa entendeu errado, os tios dela chegaram bem na hora em que a maluca se jogou no meu colo.— Então é essa a vadia que se oferece para homem casado. — Joyce cuspiu as palavras.— Eu não sou...— Cala a boca, puta! — ela a interrompe.— Aquiles, não vai me defender? — olha para mim indignada.— Vai embora, Gabrielle. E não volte mais à minha casa, minha empresa ou nenhum lugar que eu possa estar, ou será arrastada por
FelipaFaz semanas que Vincent e eu não dormimos no mesmo quarto. Aliás, nem sequer conversamos direito. Desde aquele dia. Também não fazemos mais as refeições juntos. Quando ele está em casa, eu peço para trazerem no quarto, usando a gravidez como desculpa. Acabei parando de ir na empresa também. Tudo por causa do bastardo do meu marido, porque não quero explicar porque estamos tão frios um com o outro.Estou no sétimo mês da gravidez, minha barriga está imensa. Tudo ficou mais difícil de fazer. Já até desisti de calçados fechados, é mais fácil enfiar os pés em rasteirinhas que me abaixar para calçar.Por falta de sono, ouço os passos de Vincent no corredor.Aposto que ele está vindo da rua. Não é a primeira vez que chega de madrugada.Mas dessa vez ele vai ouvir. Casamento de mentira ou não, isso já passou dos limites.Levanto e saio da cama, sem me importar de andar pelo chão gelado descalça. Quando abro a porta, vejo ele entrando no cômodo que sempre mexe misteriosamente.Nem pens
Último capítulo