Camila narrando :
Saí do quarto com o coração apertado, as mãos suando dentro das luvas rendadas, o véu leve balançando com meus passos lentos. Cada degrau que eu descia parecia um passo rumo a uma nova vida.
Mas quando cheguei na metade da escada, a porta da casa se abriu.
E quem entrou foi ele.
Seu Jorge.
Meu pai.
Os olhos marejados, o rosto cansado, mas com uma ternura que eu nunca tinha visto antes. Parou ali, bem na entrada, me olhando como se visse um milagre.
— Você tá linda, filha… — ele disse, com a voz embargada, se aproximando devagar.
Meu coração apertou ainda mais.
Eu não esperava por ele.
Não hoje. Não depois de tudo.
Ele me abraçou forte, como se quisesse compensar o tempo perdido com aquele gesto. E eu me segurei pra não desabar.
— Obrigada… — murmurei, tentando manter a voz firme.
— Achei que o senhor não viria… — falei, olhando nos olhos dele.
— Eu não podia perder seu casamento. — ele respondeu, e então olhou em direção ao jardim. — E… eu