Clarice apertou os punhos involuntariamente, com as unhas cravando fundo nas palmas das mãos, mas ela sequer percebeu a dor.
Ela fechou os olhos e tentou imaginar a cena de uma mulher sendo vítima de violência doméstica: móveis quebrados, um corpo coberto de hematomas e uma expressão de puro terror em olhos que não tinham para onde fugir.
E, além das agressões físicas, havia também a traição. O homem, além de violento, ainda cometia infidelidade. Era uma destruição brutal e implacável da dignidade e do espírito da vítima.
Essa traição era o golpe final, a pedra que esmagava o último resquício de força que a mulher tinha para resistir.
A vítima não aguentava mais viver naquele inferno. Queria o divórcio, queria se libertar. Mas esse desejo legítimo de recomeçar só acelerou sua tragédia.
O homem, desconfiado por natureza, não via problema nos próprios erros — nem nas agressões, nem nos casos extraconjugais. Para ele, o problema era a mulher. Quando ela pediu o divórcio, ele com