Simão achava que Clarice, com certeza, tinha medo de dizer algo errado e acabar irritando o homem. Por isso, para se proteger, era melhor manter distância. — Fala logo o que você quer! — Sterling estava de péssimo humor por ter sido acordado no meio da noite. — Ouvi dizer que você já está morando com sua nova namorada. — Simão repetiu casualmente o que Clarice havia dito, como se não tivesse importância. — E daí? A família Baptista está prestes a desmoronar, e você não tem nada melhor para fazer além de fofocar? — Sterling deu uma risada fria, e sua voz gelada soava ainda mais ameaçadora no silêncio da noite. — Isso foi o que sua ex-mulher disse, não tem nada a ver comigo! — Simão se defendeu rapidamente. Se ele tivesse inventado aquilo, Sterling jamais o perdoaria. — Clarice disse isso pra você? Desde quando vocês dois estão tão próximos? — Sterling estreitou os olhos, desconfiado. Depois do divórcio, qualquer homem poderia ser um possível rival aos olhos dele. — Ela me de
— Já falei tudo o que precisava. Cuide-se! — Sterling disse antes de encerrar a ligação. Ele só podia aconselhar até aquele ponto. O resto ficava por conta de Simão, que precisava entender sozinho o que fazer. Sterling não podia tomar decisões por ele. Ao colocar o celular de lado, ele percebeu que o sono tinha ido embora completamente. As palavras de Simão ainda ecoavam em sua mente. Clarice, aquela mulher, estaria bem sem ele? Sterling balançou a cabeça, tentando afastar a imagem dela de seus pensamentos. Mas quanto mais ele tentava esquecer, mais vívida Clarice se tornava em sua mente. Uma irritação inexplicável tomou conta dele. Incapaz de continuar na cama, ele se levantou, vestiu um casaco e foi até ao escritório. Nos últimos tempos, o relacionamento estremecido com Clarice tinha afetado diretamente sua produtividade. O trabalho se acumulava. Já que não conseguia dormir, decidiu colocar as pendências em dia. Ao abrir a porta do escritório, seus olhos caíram imediata
Teresa observou as costas dele enquanto descia as escadas, e seus olhos brilharam com um toque de cálculo. Ela rapidamente o seguiu. No meio da descida, ela fingiu tropeçar e, de propósito, escorregou, rolando escada abaixo. Instintivamente, ela protegeu a cabeça com as mãos e gritou: — Sterling, me ajuda! Sterling se virou ao ouvir o grito e, ao ver o corpo dela caindo, deu um passo à frente para impedir a queda. O corpo de Teresa foi interrompido pela perna dele, parando de rolar. — Sterling, está doendo! — Teresa agarrou a perna dele, a voz embargada de choro. Sterling franziu a testa e se abaixou para pegá-la nos braços. A testa de Teresa estava machucada, com um pequeno corte que começava a sangrar. Sterling permaneceu em silêncio, e seu olhar profundo fez Teresa sentir-se inquieta. Ela não sabia o que ele estava pensando e não ousava dizer nada. Apenas deixou as lágrimas escorrerem, parecendo frágil e sofrida. Sterling apertou os lábios e perguntou: — Como voc
— Claro que não! Eu sempre torci para vocês ficarem bem juntos! — Teresa respondeu apressada, balançando as mãos em negação. Na verdade, ela mal podia esperar que os dois se divorciassem logo. Como poderia desejar o contrário? — Na última vez que estive em Cidade F a trabalho, você mexeu no meu celular? — Sterling perguntou em um tom calmo, como se estivesse falando sobre algo trivial. Teresa não esperava aquela pergunta repentina. Seu corpo inteiro ficou tenso, completamente despreparado. — Por que você mexeu no meu celular? — O rosto de Sterling ficou mais frio, e o tom de sua voz ganhou um peso ameaçador. Sterling nunca permitia que ninguém mexesse no celular dele, nem mesmo Clarice, sua esposa legítima. Para ele, o que Teresa havia feito era inadmissível e ultrapassava todos os limites. Teresa sentiu o coração acelerar, e, quando tentou falar, sua voz saiu trêmula: — Sterling, eu posso explicar! — Fala! — Apenas uma palavra saiu da boca de Sterling, carregada de fri
— O quê? — Sterling franziu levemente a testa. — As tendências na internet já foram controladas, e o vídeo foi enviado para o seu e-mail. — Disse Isaac em tom baixo. Sterling respondeu com um breve "certo", sem demonstrar qualquer reação significativa, como se Isaac estivesse falando de algo trivial, e não de uma possível crise. — Vou voltar ao trabalho então. — Isaac hesitou por um momento, tentando decifrar o que Sterling estava sentindo. Estaria ele irritado? Talvez furioso? Mas, incapaz de entender, decidiu não perder tempo tentando adivinhar. Era melhor focar no trabalho. — Descobriram o IP de quem divulgou o vídeo? — Sterling perguntou de repente, uma ideia surgindo em sua mente. Na noite anterior, Clarice havia comentado com Simão que ele estava morando com Teresa. Agora, pela manhã, um escândalo envolvendo Teresa aparecia online. Isso era coincidência ou algo planejado? — O IP é de outro país. — Respondeu Isaac, fazendo uma pausa antes de continuar. — Chefe, outra c
— Clarice, estou grávida. Você precisa se divorciar do Sterling o quanto antes, senão, quando a criança nascer, vai crescer sem pai. Que crueldade seria! — A voz chorosa da mulher ecoava pelo telefone.Clarice Preston apertou as têmporas com os dedos, o rosto impassível enquanto respondia com frieza:— Teresa, quer dizer mais alguma coisa? Fale logo, assim eu gravo tudo de uma vez. Vai ser útil no processo de divórcio para eu pegar mais dinheiro dele.— Clarice, sua desgraçada! Está gravando?! — Teresa gritou, furiosa, antes de desligar abruptamente.O som do telefone mudo ficou no ar. Clarice abaixou o olhar para o teste de gravidez que segurava nas mãos. As palavras "quatro semanas" saltavam da folha como se estivessem em negrito. Aquilo parecia um golpe, mas, ao mesmo tempo, uma chance de redenção.Ela havia planejado contar a Sterling sobre a gravidez naquela mesma noite, mas agora sabia que isso era desnecessário. A decisão já estava tomada: aquele filho, apesar de vir em um momen
Clarice olhou para o homem que havia falado. Era Callum Martinez, amigo de infância de Sterling. A família Martinez era uma das mais tradicionais de Londa, e Callum sempre desprezara Clarice por sua origem humilde. Contudo, aquele típico playboy arrogante não passava de uma ferramenta nas mãos de Teresa, constantemente usado por ela para atacá-la.Pensando nisso, Clarice esboçou um leve sorriso. Seus lábios vermelhos se moveram com delicadeza, e sua voz soou suave:— A senhora Teresa de quem você fala é a esposa legítima do irmão mais velho do Sterling. Se alguém ouvir o que você acabou de dizer, pode acabar pensando que existe algo... Inapropriado entre eles.Callum havia falado de propósito para irritá-la, mas Clarice não via necessidade de poupar Sterling na frente de seus amigos. Ela o amava, sim, mas não ao ponto de aceitar humilhações.Teresa, que até então parecia satisfeita, imediatamente apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. Uma expressão sombria passou rapidamente por
— Você não disse que alguém queria te matar? Só liguei para confirmar se você já morreu. — A voz do homem era carregada de sarcasmo. Clarice apertou o celular com força, respondendo palavra por palavra: — Eu sou dura na queda. Não vou morrer tão fácil! Assim que terminou de falar, desligou a ligação e bloqueou o número de Sterling em um movimento rápido e decidido. …Na suíte VIP de um hospital pertencente ao Grupo Davis, Teresa estava deitada na cama. Sua pele parecia pálida demais, quase translúcida, como se uma brisa pudesse derrubá-la. Sterling estava encostado em uma das paredes, segurando o celular. Seu rosto estava impassível, difícil de ler. Teresa, nervosa, tentou medir suas palavras: — Sterling, a Clarice está bem? Ele guardou o celular no bolso, sem mudar a expressão: — Ela está bem. Por dentro, Teresa amaldiçoava Clarice, mas manteve a voz doce e preocupada: — Você deveria ir para casa ficar com ela. Aqui tem médicos e enfermeiros, não precisa se preoc