Alguns segundos depois, Clarice abriu a mensagem. Era uma selfie de Teresa. No fundo da foto, na parede, estava pendurado um quadro com uma foto de casamento que Teresa havia mandado editar, colocando ela e Sterling como se fossem os noivos. Clarice lembrou que, quando ela mesma havia colocado a foto original naquele mesmo lugar, Sterling a ridicularizou com comentários sarcásticos. Mas, na época, ela ainda acreditava no casamento e queria construir uma vida longa e feliz ao lado dele, ignorando suas provocações. Por insistência dela, a foto ficou pendurada ali por três anos. No dia em que Clarice saiu da Mansão Davis, com toda a correria para organizar sua mudança, ela acabou esquecendo de tirar a foto e destruí-la. Agora, com o divórcio recém-assinado, Teresa já tinha se mudado para a mansão. Teresa parecia mesmo não ter perdido tempo. Clarice pensou na ironia da situação. Durante o jantar na Mansão Davis, Sterling ainda teve a audácia de provocá-la. Por sorte, ela já havia
Jaqueline estava tão preocupada com Clarice que, por um momento, até esqueceu a dor causada pela notícia do encontro de Simão. Clarice desligou o celular e desceu rapidamente as escadas para esperar Jaqueline. Enquanto isso, Jaqueline desligou a ligação, trocou de roupa às pressas e saiu apressada de casa. Mas, ao abrir a porta, deu de cara com o rosto familiar de Simão. — Tão tarde assim, para onde você está indo? — Simão perguntou, com a expressão claramente irritada. Jaqueline abaixou a cabeça, evitando olhar para ele. — Eu não quero te ver agora. Volte para casa! Ela precisava de um tempo para colocar os pensamentos em ordem. — Jaqueline, você está fazendo birra comigo? — O tom de Simão era áspero. — Eu te disse aquilo não para que você se afastasse de mim! Jaqueline levantou o rosto e olhou diretamente para ele. — Então quer dizer que, mesmo estando com ela, você não pensou em me deixar em paz, é isso? A ideia de Simão querer que ela aceitasse ser a outra, vive
O coração de Simão apertou por um instante ao encarar os olhos marejados de Jaqueline. Ele sentiu um incômodo estranho no peito, mas não conseguia entender exatamente o porquê. — Se eu preciso me curvar ao seu controle para não sofrer essas punições, então vá em frente, faça o que quiser! Só que, depois disso, eu vou embora de Londa e nunca mais volto. — A voz dela era firme, mas carregada de dor. Essa cidade que a feriu tão profundamente só traria mais tristeza se ela permanecesse. Melhor partir e esquecer o que os olhos não precisariam mais ver. Simão imediatamente soltou o pulso dela, como se o peso das palavras tivesse tirado sua força. Jaqueline massageou o próprio pulso e, com um sorriso leve, disse calmamente: — Mas, antes de você agir, lembre-se de me avisar. Assim, posso me preparar com antecedência. Com isso, ela abriu a porta do carro e saiu. O barulho seco da porta sendo fechada ecoou no silêncio, e Simão sentiu como se o ar tivesse ficado rarefeito. Ele abaixou o
— Vou pegar um copo de água. Dirija com cuidado! — Rita disse, apressada, antes de desligar o celular. Ela não esperava que Simão dissesse algo tão direto como “você é minha futura esposa”. Será que ele gostava tanto dela a ponto de estar ansioso para se casar? Enquanto pensava nisso, decidiu que, naquela noite, conversaria com os pais sobre os preparativos do casamento. Afinal, a família Azevedo era tradicional, e os rituais seriam numerosos e demorados para organizar. Só de imaginar o casamento com Simão, o coração de Rita começou a bater mais rápido. Casar com alguém que se ama era o sonho de muitas mulheres, e agora parecia que esse sonho estava prestes a se tornar realidade para ela. Do lado de fora, dentro do carro, Simão colocou o celular no banco ao lado e acendeu um cigarro. A fumaça o envolvia, mas ele não conseguia tirar da cabeça os olhos marejados de Jaqueline. “Casar com Rita não vai mudar nada entre mim e a Jaqueline. Por que ela não entende isso?”, ele pensava
Jaqueline estava irritada e tentou se soltar, estendendo a mão em direção a ele. — Me solta agora, Simão! Antes que ele pudesse desviar, as unhas de Jaqueline acabaram arranhando o rosto dele, deixando uma longa marca de sangue na pele. Simão apertou o maxilar. Ele sempre tentava manter a calma na frente de Jaqueline, mas, com a situação entre eles tão desgastada e ela cada vez mais fora de controle, sua paciência já tinha se esgotado. Clarice, observando a cena, pensou que Simão conseguia ser ainda pior do que Sterling. Jaqueline, constrangida, mordeu os lábios antes de falar: — Simão, se você ousar fazer isso comigo, eu nunca vou te perdoar! Simão passou a mão pelo rosto, sentindo o sangue nos dedos. Sua expressão ficou ainda mais sombria. — Não importa se você vai me perdoar ou não. De qualquer jeito, você vai ficar comigo para sempre. Ele sempre a tratou com cuidado, mas agora ela estava ali, em um bar, atrás de desconhecidos. Se ela não dava valor a ele, então el
— Clarice, estou grávida. Você precisa se divorciar do Sterling o quanto antes, senão, quando a criança nascer, vai crescer sem pai. Que crueldade seria! — A voz chorosa da mulher ecoava pelo telefone.Clarice Preston apertou as têmporas com os dedos, o rosto impassível enquanto respondia com frieza:— Teresa, quer dizer mais alguma coisa? Fale logo, assim eu gravo tudo de uma vez. Vai ser útil no processo de divórcio para eu pegar mais dinheiro dele.— Clarice, sua desgraçada! Está gravando?! — Teresa gritou, furiosa, antes de desligar abruptamente.O som do telefone mudo ficou no ar. Clarice abaixou o olhar para o teste de gravidez que segurava nas mãos. As palavras "quatro semanas" saltavam da folha como se estivessem em negrito. Aquilo parecia um golpe, mas, ao mesmo tempo, uma chance de redenção.Ela havia planejado contar a Sterling sobre a gravidez naquela mesma noite, mas agora sabia que isso era desnecessário. A decisão já estava tomada: aquele filho, apesar de vir em um momen
Clarice olhou para o homem que havia falado. Era Callum Martinez, amigo de infância de Sterling. A família Martinez era uma das mais tradicionais de Londa, e Callum sempre desprezara Clarice por sua origem humilde. Contudo, aquele típico playboy arrogante não passava de uma ferramenta nas mãos de Teresa, constantemente usado por ela para atacá-la.Pensando nisso, Clarice esboçou um leve sorriso. Seus lábios vermelhos se moveram com delicadeza, e sua voz soou suave:— A senhora Teresa de quem você fala é a esposa legítima do irmão mais velho do Sterling. Se alguém ouvir o que você acabou de dizer, pode acabar pensando que existe algo... Inapropriado entre eles.Callum havia falado de propósito para irritá-la, mas Clarice não via necessidade de poupar Sterling na frente de seus amigos. Ela o amava, sim, mas não ao ponto de aceitar humilhações.Teresa, que até então parecia satisfeita, imediatamente apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. Uma expressão sombria passou rapidamente por
— Você não disse que alguém queria te matar? Só liguei para confirmar se você já morreu. — A voz do homem era carregada de sarcasmo. Clarice apertou o celular com força, respondendo palavra por palavra: — Eu sou dura na queda. Não vou morrer tão fácil! Assim que terminou de falar, desligou a ligação e bloqueou o número de Sterling em um movimento rápido e decidido. …Na suíte VIP de um hospital pertencente ao Grupo Davis, Teresa estava deitada na cama. Sua pele parecia pálida demais, quase translúcida, como se uma brisa pudesse derrubá-la. Sterling estava encostado em uma das paredes, segurando o celular. Seu rosto estava impassível, difícil de ler. Teresa, nervosa, tentou medir suas palavras: — Sterling, a Clarice está bem? Ele guardou o celular no bolso, sem mudar a expressão: — Ela está bem. Por dentro, Teresa amaldiçoava Clarice, mas manteve a voz doce e preocupada: — Você deveria ir para casa ficar com ela. Aqui tem médicos e enfermeiros, não precisa se preoc