Asher levantou-se e caminhou em direção a Clarice, com a expressão tensa. Ele tinha visto claramente quando Ana a mordeu, e o ódio no rosto dela naquele momento era profundo e assustador. Asher sabia o motivo daquele rancor. Quando Clarice tinha apenas seis anos, ela perdeu Beatriz por acidente. Desde então, os pais a odiavam com toda a força, como se ela fosse responsável por tudo de ruim que acontecia. Mesmo depois de Beatriz ter sido encontrada, o desprezo por Clarice nunca desapareceu. Asher nunca conseguiu entender por que eles não a perdoavam. Ele parou na frente de Clarice e falou com firmeza: — Você está ferida. Eu vou te levar ao hospital. Ele sabia que o ferimento não era tão simples quanto ela dizia. Não tinha como ser “só uma mordida”. Ela devia estar gravemente machucada. Sterling virou o rosto na direção de Asher e, com uma voz gélida, disse: — Cuide dos seus. A minha mulher não precisa da sua ajuda. Sua voz era cortante, fria como gelo. Ele sentia uma dor
Clarice olhou para ele por um momento e, em seguida, sorriu ao perguntar a Sterling: — Se eu pedir por ele, você pode reduzir um pouco os juros? Nos últimos anos, os pais dela haviam tirado milhões de Sterling, mas nunca se preocuparam em cuidar da avó dela, que estava no hospital, nem em pagar um centavo pelas despesas médicas. Com pais tão ingratos e sem coração, como ela poderia ajudá-los? Antônio realmente achava que ela era uma idiota. Sterling apertou os lábios, deixando escapar um leve sorriso irônico: — Já que você está pedindo, claro que posso reduzir um pouco os juros. Os dois, com suas falas perfeitamente encaixadas, quase fizeram Antônio desmaiar de raiva. Ele pensava que, se Clarice não ia ajudá-lo, pelo menos deveria ficar em silêncio. Mas não, ela ainda se aliava a Sterling para jogá-lo no fundo do poço. Aquela ingrata realmente o tirava do sério. — Pai, ouviu isso? Vamos reduzir um pouco os juros. Eu sou boa com você, não sou? — Clarice sorriu, mas logo reco
Ela não podia deixar Sterling descobrir sobre a gravidez, então só restava a Clarice inventar desculpas. Sterling lançou-lhe um olhar frio e repreendeu: — Para de drama. Mesmo assim, ele pegou o celular e ligou para o médico da família. Após encerrar a ligação, ele se abaixou e puxou a barra da calça de Clarice. No instante em que viu o ferimento, Sterling ficou paralisado. Um pedaço de pele estava pendurado, como se fosse cair a qualquer momento. A área ao redor estava coberta por sangue seco, e o ferimento parecia grotesco. A raiva dentro dele foi instantaneamente acesa. Sterling pegou o celular novamente e ligou para Isaac. — Quero que você envie alguém para ensinar uma lição aos pais de Clarice! — Disse ele, com a voz carregada de fúria, antes de desligar imediatamente. Para ele, aquelas pessoas não eram dignas de serem chamadas de pais. Eram monstros. Que tipo de mãe teria coragem de morder a própria filha a ponto de arrancar um pedaço de pele? Clarice ouviu a liga
— Você não pode cancelar o noivado! Não pode voltar atrás! — Ana estava visivelmente abalada, e sua voz saiu carregada de urgência. Na cidade de Londa, os quatro grandes clãs dominavam. A família Bennett, embora não tão poderosa quanto a família Davis, era uma das mais influentes. Beatriz se casar com Asher e entrar para a família Bennett seria um grande benefício para a família Preston. Se o noivado fosse cancelado, Ana perderia todas as vantagens que esperava obter. Antônio rapidamente se aproximou, concordando com a cabeça de forma exagerada: — Isso mesmo, não pode cancelar o noivado! Não pode voltar atrás! Se essa história se espalhar, minha filha nunca mais poderá mostrar o rosto em público! Todo mundo vai apontar e fofocar sobre ela! Antes estava tudo bem, o casamento já estava até marcado... Por que é que agora mudou de ideia de repente? Asher manteve o semblante frio e respondeu com uma voz igualmente gélida: — Vocês podem anunciar o cancelamento do noivado publicamen
Paula franziu a testa e levantou-se: — Sr. Antônio, Sra. Ana, que tal fazerem o seguinte: voltem para casa, conversem e decidam exatamente o que vocês querem. Amanhã marcamos um horário e resolvemos tudo de uma vez. Nos últimos meses, só de pensar no casamento de Asher e Beatriz, Paula já tinha perdido muitas noites de sono. Agora, ao ouvir Asher propor pessoalmente o cancelamento do noivado, ela não poderia estar mais de acordo. Se a família Preston quisesse dinheiro, ela e Pedro estavam dispostos a pagar. Não importava se fosse um pouco mais do que o esperado, contanto que livrassem Asher de Beatriz. Pedro também se levantou e, com a voz firme, acrescentou: — Asher está disposto a dar dinheiro para vocês, mas não somos otários. Tenham bom senso! Ele então olhou para Asher e disse: — Vamos. Depois de tantos anos sendo vizinhos da família Preston, Pedro ainda queria manter uma relação minimamente respeitosa. Mas Antônio, com suas exigências absurdas de dez milhões, pare
Antônio olhou para Ana e, de repente, perguntou: — Por que você odeia tanto a Clarice? Ele tinha visto claramente o momento em que Ana mordeu Clarice. Ela usou toda a força, sem hesitação. Clarice era filha dela, que ela havia carregado no ventre por nove meses. Como uma mãe podia odiar tanto sua própria filha? A expressão de Ana mudou por um momento, mas logo voltou ao normal. — Ela perdeu Beatriz de propósito. Desde pequena, ela já tinha um coração cruel. Com uma filha assim, eu deveria gostar dela? É claro que não. Antônio ficou desconcertado com a resposta dela. Sua expressão parecia culpada, mas ele tentou disfarçar. — Só fiz uma pergunta à toa. Para que exagerar tanto? Sua voz saiu mais alta do que o normal, denunciando seu nervosismo. — Antônio, a pergunta que eu te fiz antes você ainda não respondeu! Para de se fazer de desentendido! — Ana gritou, irritada. Antônio sempre soube que Ana não era uma mulher dócil, muito menos fácil de lidar. No passado, ele até
— Vai morrer! — Beatriz gritou, furiosa. Em casa, a pessoa que mais a amava era sua mãe. Antônio tinha batido em Ana daquele jeito, deixando-a naquele estado deplorável. Ele merecia pagar por isso! No entanto, antes que Beatriz pudesse fazer algo mais, a porta da sala foi abruptamente aberta. Algumas pessoas entraram rapidamente, fechando a porta atrás de si. …Na Villa Serenidade. O médico da família estava tratando o ferimento na perna de Clarice. Por causa da gravidez, ela havia recusado o uso de anestesia. Apertando os dentes, ela suportava a dor com um esforço quase sobre-humano. Sterling estava ao lado dela, observando o suor escorrer pela testa dela de tanta dor. Ele franziu a testa. Como alguém podia suportar tanto sofrimento sem aceitar alívio? Por que ela recusava a anestesia? Quando o médico terminou de tratar o ferimento, Clarice parecia completamente exausta, como se tivesse sido retirada de dentro de um tanque de água. Suas roupas estavam ensopadas de suor.
— Clarice, será que você pode parar de competir com a Teresa por tudo? — Sterling falou com o rosto carregado de frieza. Clarice ficou atônita. Ela estava ferida, apenas queria que ele ficasse ao seu lado, e isso era considerado competir com Teresa? No entanto, ela rapidamente recuperou a compostura e sorriu levemente: — Se você se importa tanto com a Teresa, por que não pede o divórcio e se casa com ela? Se eles se divorciassem, ele poderia amar quem quisesse, estar com quem quisesse, visitar Teresa sempre que quisesse, e ela não teria nada a ver com isso. Mas ele recusava o divórcio, enquanto mantinha uma relação ambígua com Teresa. Ela não interferia, mas era impossível não se sentir incomodada. — Asher e sua irmã vão se casar em breve. Mesmo que você se divorcie, ele nunca vai se casar com você. Ou será que você quer dividir o mesmo homem com sua irmã? — Sterling disparou as palavras como flechas, atingindo Clarice em cheio. Ela ficou completamente atordoada. Aos olhos de