Ana foi atingida pelas palavras de Clarice e quis explodir, mas, com tantas pessoas ao redor, ela não teve coragem de criar uma cena. Mesmo assim, rebateu com uma voz fria: — Cuidar do marido é sua obrigação. Do que você está reclamando?Clarice observou o rosto de Ana, cheio de raiva reprimida, enquanto ela gritava. No fundo, Clarice não sabia ao certo como se sentia. Mesmo depois de Sterling ter dado aquele aviso claro, Ana sequer tentou se conter. Às vezes, Clarice realmente questionava se ela era mesmo filha dessa mulher. Uma mãe, depois de carregar um filho por nove meses e passar pelo perigo do parto, deveria enxergar seu filho como a coisa mais importante da vida. Ana sempre amou Beatriz. Desde pequena, Beatriz sempre teve tudo o que queria. Já com Clarice, a relação era marcada por ódio e severidade. Clarice nunca entendeu o que havia feito para merecer esse tratamento. Sterling, recostado preguiçosamente na cadeira, observava Clarice com seus olhos escuros e profundo
Antônio não tinha apenas uma amante. Se Ana não tivesse tentando agredi-la antes, Clarice jamais teria revelado aquele segredo. Ela não queria se envolver com os problemas daquele casal. — Clarice, você está falando sério? — Ana encarou-a com fúria, os olhos fixos em Clarice com uma intensidade que parecia querer despedaçá-la. Ana não conseguia conter a raiva. Clarice sabia sobre a amante do pai, mas não a avisou antes. E agora, diante de todo mundo, ela escolheu expor a verdade, apenas para humilhá-la. Essa garota era realmente maquiavélica. — Eu falei, mas você não acredita. O que posso fazer? Não tem como acordar uma pessoa que finge estar dormindo. — Clarice sorriu com ironia. Ela pegou a garrafa de vinho e encheu três taças. Sterling arqueou a sobrancelha, intrigado. O que essa mulher pretendia agora? Clarice segurou as taças com firmeza. Primeiro, entregou uma para Ana, depois outra para Antônio. Por fim, ergueu sua própria taça e declarou: — Este brinde é para você
Quando Clarice levantou a cabeça, viu Ana vindo em sua direção com o rosto contorcido de raiva. Instintivamente, ela levou as mãos ao ventre para protegê-lo. Sterling, com o rosto fechado, puxou Clarice para trás de si e, sem hesitar, desferiu um chute em Ana, que vinha na direção dela. — De onde você tirou essa coragem para encostar nela? Ele só tinha brindado com Ana por respeito a Clarice. Já era muito. Mas Ana, além de não demonstrar gratidão, ainda queria agredi-la. Para alguém tão ingrato, Sterling não via necessidade de gentileza. Ana foi lançada para trás e caiu no chão com um grito estridente. Antônio correu até ela para ajudá-la a se levantar. Beatriz, com os olhos ardendo de fúria, lançou um olhar cheio de ódio para Clarice. Para ela, aquilo só podia ser armação de Clarice para manipular Sterling. Clarice ficou parada atrás de Sterling. No fundo, sentia uma tristeza imensa, mas também um alívio. Agora que os laços com eles estavam cortados, eles não poderiam mais
Asher levantou-se e caminhou em direção a Clarice, com a expressão tensa. Ele tinha visto claramente quando Ana a mordeu, e o ódio no rosto dela naquele momento era profundo e assustador. Asher sabia o motivo daquele rancor. Quando Clarice tinha apenas seis anos, ela perdeu Beatriz por acidente. Desde então, os pais a odiavam com toda a força, como se ela fosse responsável por tudo de ruim que acontecia. Mesmo depois de Beatriz ter sido encontrada, o desprezo por Clarice nunca desapareceu. Asher nunca conseguiu entender por que eles não a perdoavam. Ele parou na frente de Clarice e falou com firmeza: — Você está ferida. Eu vou te levar ao hospital. Ele sabia que o ferimento não era tão simples quanto ela dizia. Não tinha como ser “só uma mordida”. Ela devia estar gravemente machucada. Sterling virou o rosto na direção de Asher e, com uma voz gélida, disse: — Cuide dos seus. A minha mulher não precisa da sua ajuda. Sua voz era cortante, fria como gelo. Ele sentia uma dor
Clarice olhou para ele por um momento e, em seguida, sorriu ao perguntar a Sterling: — Se eu pedir por ele, você pode reduzir um pouco os juros? Nos últimos anos, os pais dela haviam tirado milhões de Sterling, mas nunca se preocuparam em cuidar da avó dela, que estava no hospital, nem em pagar um centavo pelas despesas médicas. Com pais tão ingratos e sem coração, como ela poderia ajudá-los? Antônio realmente achava que ela era uma idiota. Sterling apertou os lábios, deixando escapar um leve sorriso irônico: — Já que você está pedindo, claro que posso reduzir um pouco os juros. Os dois, com suas falas perfeitamente encaixadas, quase fizeram Antônio desmaiar de raiva. Ele pensava que, se Clarice não ia ajudá-lo, pelo menos deveria ficar em silêncio. Mas não, ela ainda se aliava a Sterling para jogá-lo no fundo do poço. Aquela ingrata realmente o tirava do sério. — Pai, ouviu isso? Vamos reduzir um pouco os juros. Eu sou boa com você, não sou? — Clarice sorriu, mas logo reco
Ela não podia deixar Sterling descobrir sobre a gravidez, então só restava a Clarice inventar desculpas. Sterling lançou-lhe um olhar frio e repreendeu: — Para de drama. Mesmo assim, ele pegou o celular e ligou para o médico da família. Após encerrar a ligação, ele se abaixou e puxou a barra da calça de Clarice. No instante em que viu o ferimento, Sterling ficou paralisado. Um pedaço de pele estava pendurado, como se fosse cair a qualquer momento. A área ao redor estava coberta por sangue seco, e o ferimento parecia grotesco. A raiva dentro dele foi instantaneamente acesa. Sterling pegou o celular novamente e ligou para Isaac. — Quero que você envie alguém para ensinar uma lição aos pais de Clarice! — Disse ele, com a voz carregada de fúria, antes de desligar imediatamente. Para ele, aquelas pessoas não eram dignas de serem chamadas de pais. Eram monstros. Que tipo de mãe teria coragem de morder a própria filha a ponto de arrancar um pedaço de pele? Clarice ouviu a liga
— Você não pode cancelar o noivado! Não pode voltar atrás! — Ana estava visivelmente abalada, e sua voz saiu carregada de urgência. Na cidade de Londa, os quatro grandes clãs dominavam. A família Bennett, embora não tão poderosa quanto a família Davis, era uma das mais influentes. Beatriz se casar com Asher e entrar para a família Bennett seria um grande benefício para a família Preston. Se o noivado fosse cancelado, Ana perderia todas as vantagens que esperava obter. Antônio rapidamente se aproximou, concordando com a cabeça de forma exagerada: — Isso mesmo, não pode cancelar o noivado! Não pode voltar atrás! Se essa história se espalhar, minha filha nunca mais poderá mostrar o rosto em público! Todo mundo vai apontar e fofocar sobre ela! Antes estava tudo bem, o casamento já estava até marcado... Por que é que agora mudou de ideia de repente? Asher manteve o semblante frio e respondeu com uma voz igualmente gélida: — Vocês podem anunciar o cancelamento do noivado publicamen
Paula franziu a testa e levantou-se: — Sr. Antônio, Sra. Ana, que tal fazerem o seguinte: voltem para casa, conversem e decidam exatamente o que vocês querem. Amanhã marcamos um horário e resolvemos tudo de uma vez. Nos últimos meses, só de pensar no casamento de Asher e Beatriz, Paula já tinha perdido muitas noites de sono. Agora, ao ouvir Asher propor pessoalmente o cancelamento do noivado, ela não poderia estar mais de acordo. Se a família Preston quisesse dinheiro, ela e Pedro estavam dispostos a pagar. Não importava se fosse um pouco mais do que o esperado, contanto que livrassem Asher de Beatriz. Pedro também se levantou e, com a voz firme, acrescentou: — Asher está disposto a dar dinheiro para vocês, mas não somos otários. Tenham bom senso! Ele então olhou para Asher e disse: — Vamos. Depois de tantos anos sendo vizinhos da família Preston, Pedro ainda queria manter uma relação minimamente respeitosa. Mas Antônio, com suas exigências absurdas de dez milhões, pare