Pedro e Paula trocaram um olhar, mas cada um estava perdido em seus próprios pensamentos. Pedro pensava que, com o casamento de Asher e Beatriz, eles se tornariam oficialmente da mesma família que Sterling. Se o Grupo Bennett pudesse se aliar ao Grupo Davis, isso traria enormes vantagens para o futuro da empresa. Paula, no entanto, tinha outra visão. Para ela, o casamento de Asher com Beatriz significaria um fim definitivo para qualquer sentimento que ele ainda pudesse ter por Clarice. Ela conhecia o filho que havia criado. Sabia que ele era responsável, leal e muito emotivo. Seu único defeito era ser profundamente apegado a tudo o que amava. Sterling interrompeu os pensamentos dos dois com uma pergunta fria: — Quando vão servir o jantar? Clarice está com fome. Clarice tinha horários bem definidos para comer. Todos os dias, às seis e meia da tarde, ela já estava jantando. No início do casamento, Clarice sempre esperava Sterling voltar para casa para que pudessem jantar junt
Clarice não conseguiu evitar e olhou para Sterling, surpresa estampada em seus olhos bonitos. Esse homem tinha perdido o juízo hoje? Ele, que nunca dizia uma única palavra em sua defesa na frente de Teresa, de repente estava do lado dela? Beatriz ficou furiosa. Levantou a mão para bater em Clarice, mas seu pulso foi agarrado com tanta força que ela sentiu como se fosse quebrar. A dor foi tanta que ela soltou um gemido. — Está doendo! Me solta! Clarice, me solta agora! Clarice sequer tinha se mexido. “Soltar o quê?” Ainda assim, o comportamento de Sterling era difícil de entender. Por que ele estava ajudando-a o tempo todo? Era algo realmente incompreensível. — Clarice agora é a Sra. Davis. E você teve a ousadia de tentar bater nela bem na minha frente? Quem te deu essa coragem? Peça desculpas! — Sterling disse com uma frieza que quase congelava o ar ao redor. Sua voz cortava como gelo. Qualquer traço de boa vontade que Clarice pudesse ter sentido por Sterling naquele mome
Pedro e Paula observaram tudo de longe, com expressões indiferentes, mas em seus corações a aversão por Beatriz crescia cada vez mais. Para eles, ter uma mulher como ela entrando na família era, sem dúvida, uma verdadeira desgraça. ... No final do corredor, Asher tragou profundamente seu cigarro. A fumaça, envolta na escuridão da noite, parecia refletir a complexidade de seus próprios sentimentos: profundos, conturbados e intensos. Ele apagou o cigarro com firmeza e, com passos decididos, voltou para o reservado. Seus olhos varreram a sala até encontrarem Clarice. Naquele momento, o amor que guardava dentro de si explodiu como uma maré violenta, inundando cada célula do seu corpo. Seu olhar era intenso e cheio de desejo, como se quisesse absorvê-la por completo. A paixão que transbordava de seus olhos era como a estrela mais brilhante no céu noturno, impossível de ser ignorada. Clarice sentiu aquele olhar ardente sobre ela e, instintivamente, levantou a cabeça. Seus olhos se en
— Você pode ser mais delicado? Está doendo! — Clarice franziu a testa e tentou empurrar Sterling com a mão. Aquele homem parecia não ter a menor ideia de como tratar uma mulher. Seu pulso estava quase sendo esmagado, e, momentos antes, seu rosto tinha batido contra o peito dele, ainda latejando de dor. — Não olhe para os lados! — Sterling inclinou-se até seu ouvido e sussurrou com tom ameaçador. Clarice respirou fundo e estendeu a mão para pegar a xícara de café, tentando disfarçar seu constrangimento bebendo. Mas Asher foi mais rápido, estendendo a xícara de café para ela. — Eu me lembro que você não gosta de café. O cheiro te incomoda. Se não gosta, não precisa se forçar. Clarice ficou sem reação. Aceitar ou não aceitar o café parecia igualmente desconfortável. Desde pequena, ela desprezava o gosto do café. E, mesmo depois de tantos anos, ela nunca imaginou que Asher ainda lembraria disso. O rosto de Sterling escureceu na mesma hora. Ele estava bem ali, e Asher não só
Sterling falou devagar, com um tom pesado. Suas palavras não pareciam um agradecimento, mas uma advertência dirigida a Antônio e Ana. A mão de Antônio, que segurava a taça de vinho, tremia tanto que o líquido quase transbordava. O suor escorria pela sua testa, e ele gaguejou ao responder: — Como pais, é o nosso dever cuidar bem da Clarinha. Sterling, você está sendo muito educado! Ana tremia tanto quanto o marido. Sua voz saiu trêmula, quase inaudível: — Clarinha, você deveria vir nos visitar mais vezes. Sentimos muito a sua falta! Ela entendeu perfeitamente o que Sterling queria dizer com aquelas palavras, e seu coração disparou. Não era ele quem, segundo os boatos, mantinha uma amante? Então, por que estava tão dedicado a Clarice? Ana começou a reconsiderar sua atitude. Talvez fosse melhor tratar Clarice um pouco melhor. Caso contrário, se Sterling decidisse não investir mais na empresa deles, seria um desastre. Pensando nisso, decidiu que no dia seguinte levaria Clarice
Ana foi atingida pelas palavras de Clarice e quis explodir, mas, com tantas pessoas ao redor, ela não teve coragem de criar uma cena. Mesmo assim, rebateu com uma voz fria: — Cuidar do marido é sua obrigação. Do que você está reclamando?Clarice observou o rosto de Ana, cheio de raiva reprimida, enquanto ela gritava. No fundo, Clarice não sabia ao certo como se sentia. Mesmo depois de Sterling ter dado aquele aviso claro, Ana sequer tentou se conter. Às vezes, Clarice realmente questionava se ela era mesmo filha dessa mulher. Uma mãe, depois de carregar um filho por nove meses e passar pelo perigo do parto, deveria enxergar seu filho como a coisa mais importante da vida. Ana sempre amou Beatriz. Desde pequena, Beatriz sempre teve tudo o que queria. Já com Clarice, a relação era marcada por ódio e severidade. Clarice nunca entendeu o que havia feito para merecer esse tratamento. Sterling, recostado preguiçosamente na cadeira, observava Clarice com seus olhos escuros e profundo
Antônio não tinha apenas uma amante. Se Ana não tivesse tentando agredi-la antes, Clarice jamais teria revelado aquele segredo. Ela não queria se envolver com os problemas daquele casal. — Clarice, você está falando sério? — Ana encarou-a com fúria, os olhos fixos em Clarice com uma intensidade que parecia querer despedaçá-la. Ana não conseguia conter a raiva. Clarice sabia sobre a amante do pai, mas não a avisou antes. E agora, diante de todo mundo, ela escolheu expor a verdade, apenas para humilhá-la. Essa garota era realmente maquiavélica. — Eu falei, mas você não acredita. O que posso fazer? Não tem como acordar uma pessoa que finge estar dormindo. — Clarice sorriu com ironia. Ela pegou a garrafa de vinho e encheu três taças. Sterling arqueou a sobrancelha, intrigado. O que essa mulher pretendia agora? Clarice segurou as taças com firmeza. Primeiro, entregou uma para Ana, depois outra para Antônio. Por fim, ergueu sua própria taça e declarou: — Este brinde é para você
Quando Clarice levantou a cabeça, viu Ana vindo em sua direção com o rosto contorcido de raiva. Instintivamente, ela levou as mãos ao ventre para protegê-lo. Sterling, com o rosto fechado, puxou Clarice para trás de si e, sem hesitar, desferiu um chute em Ana, que vinha na direção dela. — De onde você tirou essa coragem para encostar nela? Ele só tinha brindado com Ana por respeito a Clarice. Já era muito. Mas Ana, além de não demonstrar gratidão, ainda queria agredi-la. Para alguém tão ingrato, Sterling não via necessidade de gentileza. Ana foi lançada para trás e caiu no chão com um grito estridente. Antônio correu até ela para ajudá-la a se levantar. Beatriz, com os olhos ardendo de fúria, lançou um olhar cheio de ódio para Clarice. Para ela, aquilo só podia ser armação de Clarice para manipular Sterling. Clarice ficou parada atrás de Sterling. No fundo, sentia uma tristeza imensa, mas também um alívio. Agora que os laços com eles estavam cortados, eles não poderiam mais