Clarice ficou sem palavras, completamente travada. Ela sabia que, se realmente irritasse Sterling, ele seria capaz de cumprir sua ameaça e retirar a equipe médica. Se isso acontecesse, sua avó não teria mais tratamento e estaria condenada a simplesmente esperar pela morte. — Está com raiva? Com vontade de me matar? — Sterling observou as mudanças na expressão dela, enquanto passava o polegar pelos lábios delicados de Clarice. Ele foi direto. — No fim das contas, é porque você não é forte o suficiente. É por isso que eu consigo te controlar tão facilmente. Clarice respirou fundo. Sterling estava certo. Era porque ela não era forte o bastante. Se tivesse sido, já teria saído da vida dele no momento em que pensou nisso pela primeira vez. Não estaria na situação humilhante em que se encontrava agora. — Eu já disse: fique quieta ao meu lado e não tenha pensamentos que não deveria ter. Caso contrário, sua avó só poderá esperar pela morte. — Sterling falou com frieza, e então se virou p
Clarice agora via o papel de Sra. Davis como apenas um trabalho. Ela estava colaborando com ele, mas não por amá-lo.Era exatamente o resultado que Sterling queria, então por que ele se sentia tão insatisfeito?Clarice abaixou os olhos para observar suas mãos repousando sobre as pernas, sem demonstrar nenhuma emoção.Ela sempre foi extremamente dedicada ao trabalho, e esse papel não era diferente. Afinal, essa “função” permitia que sua avó recebesse o melhor tratamento possível. Se fosse necessário vender a si mesma para garantir a recuperação de sua avó, ela o faria sem hesitar.Sterling, de mau humor, dirigia rápido. O silêncio entre eles era pesado, e nenhum dos dois tentou quebrá-lo durante todo o trajeto.Logo, o carro parou na entrada de um restaurante.Ele entregou as chaves do carro ao valet e estendeu o braço para Clarice, com um gesto sutil.— Me dê o braço.Clarice lançou-lhe um olhar breve antes de obedecer, entrelaçando o braço no dele. Estava claro que ela estava “trabalh
Asher franziu a testa e afastou as mãos de Beatriz com firmeza. — Sente-se direito. Para ele, tudo o que havia entre eles não passava de uma transação. Fingir intimidade para os outros só o deixava enojado. — Estamos entre amigos, Asher. Não precisa ficar com vergonha. — Beatriz fingiu não notar a expressão sombria dele e, mais uma vez, estendeu os braços para envolver sua cintura. Sua voz era doce e melosa, um tom cheio de afetação. Ela não podia perder para Clarice! O forte cheiro de perfume invadiu o nariz de Asher, e a expressão gentil em seu rosto desapareceu instantaneamente, dando lugar a um olhar frio. Ele empurrou Beatriz e se levantou. — Vou lá fora fumar. Se continuasse ali, ele não conseguiria controlar o impulso de explodir e destruir sua fachada de homem calmo e moderado. — Asher! Você não vai sair daqui! — Beatriz gritou, irritada, levantando-se de repente e segurando o braço dele com força. Não queria deixá-lo sair. Se ele saísse, onde ela colocaria sua
Pedro e Paula trocaram um olhar, mas cada um estava perdido em seus próprios pensamentos. Pedro pensava que, com o casamento de Asher e Beatriz, eles se tornariam oficialmente da mesma família que Sterling. Se o Grupo Bennett pudesse se aliar ao Grupo Davis, isso traria enormes vantagens para o futuro da empresa. Paula, no entanto, tinha outra visão. Para ela, o casamento de Asher com Beatriz significaria um fim definitivo para qualquer sentimento que ele ainda pudesse ter por Clarice. Ela conhecia o filho que havia criado. Sabia que ele era responsável, leal e muito emotivo. Seu único defeito era ser profundamente apegado a tudo o que amava. Sterling interrompeu os pensamentos dos dois com uma pergunta fria: — Quando vão servir o jantar? Clarice está com fome. Clarice tinha horários bem definidos para comer. Todos os dias, às seis e meia da tarde, ela já estava jantando. No início do casamento, Clarice sempre esperava Sterling voltar para casa para que pudessem jantar junt
Clarice não conseguiu evitar e olhou para Sterling, surpresa estampada em seus olhos bonitos. Esse homem tinha perdido o juízo hoje? Ele, que nunca dizia uma única palavra em sua defesa na frente de Teresa, de repente estava do lado dela? Beatriz ficou furiosa. Levantou a mão para bater em Clarice, mas seu pulso foi agarrado com tanta força que ela sentiu como se fosse quebrar. A dor foi tanta que ela soltou um gemido. — Está doendo! Me solta! Clarice, me solta agora! Clarice sequer tinha se mexido. “Soltar o quê?” Ainda assim, o comportamento de Sterling era difícil de entender. Por que ele estava ajudando-a o tempo todo? Era algo realmente incompreensível. — Clarice agora é a Sra. Davis. E você teve a ousadia de tentar bater nela bem na minha frente? Quem te deu essa coragem? Peça desculpas! — Sterling disse com uma frieza que quase congelava o ar ao redor. Sua voz cortava como gelo. Qualquer traço de boa vontade que Clarice pudesse ter sentido por Sterling naquele mome
Pedro e Paula observaram tudo de longe, com expressões indiferentes, mas em seus corações a aversão por Beatriz crescia cada vez mais. Para eles, ter uma mulher como ela entrando na família era, sem dúvida, uma verdadeira desgraça. ... No final do corredor, Asher tragou profundamente seu cigarro. A fumaça, envolta na escuridão da noite, parecia refletir a complexidade de seus próprios sentimentos: profundos, conturbados e intensos. Ele apagou o cigarro com firmeza e, com passos decididos, voltou para o reservado. Seus olhos varreram a sala até encontrarem Clarice. Naquele momento, o amor que guardava dentro de si explodiu como uma maré violenta, inundando cada célula do seu corpo. Seu olhar era intenso e cheio de desejo, como se quisesse absorvê-la por completo. A paixão que transbordava de seus olhos era como a estrela mais brilhante no céu noturno, impossível de ser ignorada. Clarice sentiu aquele olhar ardente sobre ela e, instintivamente, levantou a cabeça. Seus olhos se en
— Você pode ser mais delicado? Está doendo! — Clarice franziu a testa e tentou empurrar Sterling com a mão. Aquele homem parecia não ter a menor ideia de como tratar uma mulher. Seu pulso estava quase sendo esmagado, e, momentos antes, seu rosto tinha batido contra o peito dele, ainda latejando de dor. — Não olhe para os lados! — Sterling inclinou-se até seu ouvido e sussurrou com tom ameaçador. Clarice respirou fundo e estendeu a mão para pegar a xícara de café, tentando disfarçar seu constrangimento bebendo. Mas Asher foi mais rápido, estendendo a xícara de café para ela. — Eu me lembro que você não gosta de café. O cheiro te incomoda. Se não gosta, não precisa se forçar. Clarice ficou sem reação. Aceitar ou não aceitar o café parecia igualmente desconfortável. Desde pequena, ela desprezava o gosto do café. E, mesmo depois de tantos anos, ela nunca imaginou que Asher ainda lembraria disso. O rosto de Sterling escureceu na mesma hora. Ele estava bem ali, e Asher não só
Sterling falou devagar, com um tom pesado. Suas palavras não pareciam um agradecimento, mas uma advertência dirigida a Antônio e Ana. A mão de Antônio, que segurava a taça de vinho, tremia tanto que o líquido quase transbordava. O suor escorria pela sua testa, e ele gaguejou ao responder: — Como pais, é o nosso dever cuidar bem da Clarinha. Sterling, você está sendo muito educado! Ana tremia tanto quanto o marido. Sua voz saiu trêmula, quase inaudível: — Clarinha, você deveria vir nos visitar mais vezes. Sentimos muito a sua falta! Ela entendeu perfeitamente o que Sterling queria dizer com aquelas palavras, e seu coração disparou. Não era ele quem, segundo os boatos, mantinha uma amante? Então, por que estava tão dedicado a Clarice? Ana começou a reconsiderar sua atitude. Talvez fosse melhor tratar Clarice um pouco melhor. Caso contrário, se Sterling decidisse não investir mais na empresa deles, seria um desastre. Pensando nisso, decidiu que no dia seguinte levaria Clarice