Os pais de Lia também foram ao hospital ver sua saída e surpreenderam-se ao vê-la tão bem e serem rejeitados. Ela passou direto por eles e sequer os olhou, quem dirá os cumprimentar. Entrou no carro e também não olhou para Romão. — Seu corpo parece bem, mas seu ânimo parece avesso ao seu corpo. O que está acontecendo? — Você não sabe? Tentaram me matar no hospital e pelas imagens das câmeras, reconheci a Raquel. Minha própria irmã tentou me matar! Romão não acreditou no que ela estava falando, Raquel seria incapaz de atentar contra a vida de uma pessoa, ainda mais de sua própria irmã? O que será que Lia estava pretendendo? Perguntou-se. — Por favor, não invente histórias contra sua irmã, isso é difamação. Ela pegou o seu celular e acionou o vídeo da segurança, mostrando Raquel andando pelo corredor e se ocultando das câmeras. Para quem tinha um relacionamento com ela, era fácil a reconhecer nas imagens. Ele tentou pegar o celular, mas ela o impediu e ele precisou assistir a
Raquel ficou sem fala por um tempo e resolveu negar tudo: — Eu? Eu não fiz isso, jamais faria algo contra a minha irmã. — Eu vi o vídeo e é você, Raquel. Reconheceria seus peitos e sua bunda em qualquer lugar. Convenci sua irmã de não a processar, mas espero que você coopere para que a situação não piore. — Então, venha me ver hoje à tarde no nosso local favorito. — Não posso me encontrar com minha amante no dia em que minha mulher voltou para casa. Tenha consciência, Raquel. Você concordou quando todos nós combinamos aquele contrato. — Não aguento ficar longe de você! — Vou te enviar um dinheiro, vá ao shopping e faça compras. Tire um dia de lazer e cuide de si, distraia-se e deixe que eu resolva as questões do meu casamento. Raquel sorriu, era exatamente o que ela queria, não fazia tanta questão de estar com ele na cama, já que ele era gostoso, mas não era tão bom em dar prazer quanto em sentir. Mas para ela, poder comprar o que quisesse em e exibir-se na internet,
O restante do dia transcorreu tranquilamente para Lia, que desceu, almoçou e subiu novamente para o quarto. Notou durante o almoço, que mãe e filho não se falavam, mas não abriu a boca para cutucar a onça e gostou de sua sogra também ter ficado calada. Raquel aproveitou o dia para ir ao salão cuidar dos cabelos, unhas e fazer compras no shopping. Humilhou bem a todos que a atenderam e sentiu-se rejuvenescida quando saiu do local. Chegou em casa e encontrou seus pais arrumados para sair. — Aonde vão? — Onde você estava? E que compras são essas, já que não temos dinheiro nem para comprar comida, você não tem vergonha de ostentar assim? — Reclamou seu pai. Foi meu namorado quem pagou, o que vocês pensam, que vou trabalhar para sustentar a casa que vocês têm que sustentar? — Já sabemos que você é uma imprestável, então divirta-se com suas compras, vamos visitar sua irmã. — informou Noêmia. — Eu fui ver ela mais cedo, quando voltou do hospital e fui
Dolores olhou para trás e encarou Lia, consternada por ter se deixado flagrar tocando naquele assunto delicado, mais uma vez. Sabia que irritaria seu filho, uma nova discussão começaria e mesmo com raiva pelas acusações da nora, tratou de se retratar. — Me desculpe, querida, foi só uma implicância que tive com sua mãe. Queria irritá-la e falei demais. — Agora a culpa é minha? Você que é uma desavergonhada, foi mulher do Dono do morro por muitos anos e depois, seu filho assumiu o lugar do pai. Quem me garante que não foi você que matou o marido para dar lugar ao filho? Dolores ficou pálida e sem saber o que responder, sem querer, Noêmia acertou em cheio. Lia ouviu muito bem o que sua mãe falou e resolveu investigar, talvez o comportamento da sogra fosse, justamente, por ela ter passado com o pai de Romão, o que a nora estava passando com o filho. — Seria supor demais que a senhora passou com seu marido, o mesmo que estou passando com o meu? — Cale a b
A doutora chamou seu nome e ela entrou, seguida por Cláudia que acompanhou a consulta. Os pontos foram retirados e uma ultrassonografia foi feita para ver o estado interno de seus órgãos. E lá estava o pontinho do tamanho de uma cabeça de alfinete, era tão mínimo, que mal se podia identificar. — Você está grávida, mas o embrião ainda é muito pequeno, ainda nem dá para pedir um exame de sangue. Enquanto Lia se vestia, Cláudia perguntou para a doutora: — Se ela estiver grávida, poderá ter relações sexuais? E quanto a trabalhar? A doutora sorriu, pois, as mulheres de hoje em dia não tinham mais tantas dúvidas assim, sobre gravidez, estava tudo exposto na internet, bastava buscar e ler. Mesmo assim, achou melhor esperar a paciente chegar e responder tudo para as duas. — Pronto, doutora. — Lia disse, sentando-se. — Aqui está o pedido do exame para daqui a quinze dias,. Também lhe passei uma receita de suplementos, nessas primeiras semanas, sugiro rep
Romão virou-se e saiu, indo para o escritório, ainda tinha muito trabalho inacabado da empresa, mas preferiu ficar em casa para vigiar o tratamento que dariam a Lia. Tudo correu bem durante aquele período de doze semanas, até que ela começou a sentir-se mal. Tinha muitas cólicas e vomitava muito. Nada parava em seu estômago e desmaiava a todo instante. Ele ligou para a médica e informou o que estava acontecendo, a doutora pediu que ela fosse com urgência ao hospital para fazer uma bateria de exames. Romão estava preocupado com essa situação e levou-a ao hospital, imediatamente e a internaram. Iniciaram os exames no dia seguinte e ela estava um pouco mais aliviada, não havia vomitado e nem desmaiado, porém, sentia uma fraqueza estranha e cólicas. A médica entrou no quarto e sua expressão já dizia que ela não estava nada satisfeita. Romão percebeu e perguntou: — O que é doutora, o bebê corre risco? — Sim, ela teve uma ameaça de aborto. Segundo os exames, o sangue do feto
No corredor, encontrou com Romão e aproveitou para lhe pedir que não fumasse tanto ali dentro, pois o quarto da paciente estava impregnado com o cheiro do fumo e isso fazia mal a ela. — O senhor pensa que eu não sei que está interessado em minha esposa? Não adianta implicar comigo, ela não vai me deixar pelo senhor. A expressão de ironia no rosto de Edson, mostrava toda a sua preocupação com o que o homem estava falando, simplesmente virou-se e foi embora, não precisava dar satisfação para aquele ser ignorante. Verificou o quadro de funcionários que cuidaria da paciente e fez uma série de restrições, lembrou a segurança de que a paciente já havia sofrido um atentado lá dentro e reforçou a guarda no corredor do quarto dela. Enviou um memorando para todos os funcionários que lidavam diretamente com ela e alertou-os para quem entrava e quem saía do quarto. Não queria correr o risco de atentarem contra a vida dela novamente. Não podia fazer mais nada do que
Elas não sabiam que Lia estava atrás da porta e ouviu tudo. Ela sorriu e achou uma boa vingança deixá-las preocupadas até o final, não queria aquele bebê. Foi tomar um banho e vestiu uma camisola confortável, sentou-se na cama e abriu seu celular, comunicando-se com Cláudia. — Como você está, amiga? Chegou bem? — Sim, arrumaram um quarto novo para mim e tem até um espaço para eu poder trabalhar. Peça a Cecília que envie os projetos e escolherei o que fazer. — Tem certeza de que já pode voltar ao trabalho? — Sim, desde que não me perturbem. Se nós abrirmos um processo agora, quanto tempo demora para ele ser preso? — Tem muitas variáveis, meu bem. Pode levar dois anos, mas não se esqueça da denuncia do hospital. — Acompanhe como está o andamento. Não pensei que levasse tanto tempo assim. — Eu avisei para fazer logo. — E quantos anos de prisão? — Depende das acusações, mas pode ser em torno de uns dez anos. Com agravantes, como no seu caso