Capítulo 6. Foi Enganada

Com a boca aberta de espanto, ela ficou parada, olhando para ele sem acreditar.

— Não é isso que está no contrato, é um ano de casado e só estaremos unidos para garantir a parceria empresarial. 

Ele tirou de dentro do bolso interno do casaco, igual fez o seu pai, os papéis que ela assinou e mostrou-lhe na segunda folha, bem em cima.

“... e neste prazo de um ano, terá que ser gerado um herdeiro.”

— Não pode ser!

Então Lia lembrou da correria na hora de assinar o contrato, seu pai fez de propósito e sua mãe cooperou. Deixaram para assinar no último momento para que ela não tivesse tempo de ler e conferir. Assinou confiando no seu pai e percebeu tarde demais que ele não era digno de confiança. 

Olhou a sua volta e avistou uma poltrona de couro, onde se jogou, totalmente derrotada por aquela traição. Lembrou-se que há duas semanas sua mãe insistiu em levá-la ao médico, mesmo ela dizendo que não havia necessidade, pois estava muito bem. 

A médica preencheu seu formulário, perguntou quando tinha menstruado, se o seu ciclo era normal, se tomava algum anticoncepcional e sua mãe só escutava. Agora tudo fazia sentido.

Lembrou-se que tomou uma injeção, mas se era para ela engravidar, não deve ser anticoncepcional, muito pelo contrário, deve ser um estimulante. 

Romão, de braços cruzados e pernas abertas, contemplava o desespero da mulher. Por sua face passavam várias expressões: desagrado, tristeza, mágoa, raiva, compreensão e finalmente, aceitação e total desilusão.

— Não vou me deitar com você!

— Se você não quiser deitar, faremos em pé, sem problemas... 

Ela levantou-se, pronta para sair pela porta, afinal de contas, era o seu carro que estava ali. Mas nem chegou na porta, ele barrou sua passagem e abaixando-se a botou no ombro com a bunda para o alto e caminhou para o quarto. 

Nem se deu ao trabalho de fechar a porta, colocou-a no chão e rasgou seu vestido que havia custado uma pequena fortuna. Horrorizada, Lia ficou estática, olhando os pedaços do vestido e de sua roupa íntima caídos no chão. Romão parou por um momento para apreciá-la, enquanto tirava sua própria roupa e notou que ela era bonita. 

— Pelo menos você não é feia.

Essas palavras a fizeram despertar, cobrindo-se com os braços e mãos, olhou em volta para ver se tinha um banheiro onde pudesse se trancar, mas ele percebeu e pegando-a pelos braços, jogou-a na cama e deitou-se sobre ela, prendendo-a com seu peso. Enfiou o rosto em seu pescoço e chupou, deixando uma marca e um ponto de dor. 

Ela esperneou e socou, tentando empurrá-lo, mas ele era muito forte e pesado, isso contava contra ela. Quando ela viu que não teria como escapar, pediu com seriedade: — PARE!

Ele sentiu a autoridade em sua voz e parou para olhála de frente.

— O que foi, agora?

— Já que eu não tenho escapatória, gostaria de pedir que você não me violentasse. Eu nunca fiz isso e não gostaria que minha primeira vez fosse com violência. 

Ele virou a cabeça para trás e deu uma sonora gargalhada, sabia muito bem que ela havia ganhado a vida no exterior como prostituta. Raquel lhe contou muitos pormenores sobre a irmã.

— Não adianta me enganar querida, sei que você é mais rodada do que motorista de caminhão. Fica quietinha e aproveita, sou muito bom no sexo.

Dito isso, sem qualquer prevenção, penetrou-a de uma vez, mantendo os olhos fitos em seu rosto e a dor que ela sentiu foi tanta, que não emitiu som, ficou paralisada, prendendo o fôlego com olhos fechados e uma lágrima solitária rolou pela lateral do seu rosto. 

Ele também ficou estático por um tempo, percebeu que ultrapassou a barreira inicial e entrou no local mais apertado que já tinha entrado em sua vida. Ela não tinha mentido, realmente era virgem.      

Então, começou a manipular seu corpo para ela relaxar e começar a sentir prazer. Infelizmente, não dava para consertar o erro, ela não conseguiu relaxar e ele terminou mais rápido do que pretendia para dar alívio ao corpo retesado dela.     

Quando saiu de cima de Lia, ela se encolheu de lado em posição fetal, quieta, calada, sem emitir som, como uma ovelha entregue ao sacrifício. Olhou ele para si mesmo e viu o sangue virginal, levantou-se e foi ao banheiro, onde se lavou e molhou uma toalha. 

Ela continuava na mesma posição, chorando sem emitir som e de olhos fechados. Ele aproximou-se com a toalha úmida e limpou-a por entre as pernas, depois jogou a toalha no banheiro e voltou para se deitar. 

— Ainda dói? — Ela não respondeu. — Desculpe, eu não podia imaginar, afinal, você já tem vinte e cinco anos. Qual a mulher que chega nessa idade ainda virgem? Nem sua irmã que é mais nova, ainda é virgem.

Ao ouvir isso, Lia virou o rosto para olhar para ele. 

— Como você sabe que minha irmã não é mais virgem? 

— Porque sua irmã é minha namorada, nós íamos nos casar até seu pai exigir que eu me casasse com você.

Eu tirei a virgindade dela. — Era uma meia verdade.

Ela voltou a posição em que estava, percebendo que estava cercada por cobras, o que mais poderia lhe acontecer? Ela, que sempre foi uma mulher forte, batalhadora e que voltou para casa pensando que tudo daria certo, se viu enredada pela própria família. 

— Eu nunca tive tempo para relacionamentos, por que trabalhei muito para voltar para casa e ajudar minha família; e o que aconteceu? Fui roubada de todas as formas possíveis e imagináveis.

— Agora não adianta chorar sobre o leite derramado, ou nesse caso, a virgindade perdida. Você assinou um contrato e terá que cumprir, foi uma exigência da minha mãe para me deixar casar com Raquel depois que nos separarmos.

A frieza com que ele falou, chocou-a, parecia não ter a mínima consciência do que fez, muito menos, arrependimento.

— Não entendo, se você queria casar com Raquel, por que aceitou casar comigo e ainda por cima ter um filho?

— Raquel engravidou e fez um aborto que não deu certo e que a impossibilitou de ter outros filhos. Tendo um filho seu, poderemos criar como nosso e terá o nosso sangue de qualquer maneira. 

Ela calou-se, envergonhada de si mesma e da sua irmã. Que pessoas são essas que fazem da vida dos outros marionetes para sua própria satisfação? Foi enredada neste jogo sujo, traída por aqueles que mais deviam a proteger e agora não adiantava, como ele disse, chorar sobre o leite derramado.

— Durma. Vou poupá-la amanhã, para que não fique muito sofrível para você, mas nos próximos dias, nos dedicaremos a ter esse filho. Sei que está em seu período fértil e trouxe vários testes de gravidez para confirmar.

Mais uma vez ela ficou quieta, sabia que esses testes só davam o resultado depois de dias. Mas ele parecendo ter escutado os pensamentos dela, completou:

— Você não sairá daqui até estar grávida, eu a visitarei dia sim, dia não. Agora durma. 

Ele apagou a luz do abajur ao lado da cama, e virouse para dormir, não demorou e já estava ressonando. Ela, talvez pelo cansaço e pelo estresse, também não demorou e logo estava dormindo. 

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