Num domingo qualquer, deitados no velho e confortável sofá da loja já fechada, Rafael e Valentina estavam cercados por tudo o que construíram: caixas de papelão com etiquetas coloridas, embalagens com frases engraçadas, resquícios de tinta nos cantos do chão. Bruce roncava a seus pés, completamente entregue ao sono, e Conde de Meow dormia esticado como um rei em cima da caixa registradora, como se fosse o verdadeiro dono do lugar.
Era um desses silêncios bons. Cheio. Aconchegante. O tipo de silêncio que só existe entre duas pessoas que se conhecem de cor. O tipo que fala mais que qualquer palavra. Rafael, com o rosto meio escondido entre o cabelo dela, murmurou:
— Você acha que a gente tá pronto para o próximo grande projeto?
Valentina arqueou uma sobrancelha, mantendo o olhar pregado no teto, onde algumas luzinhas piscavam sem ritmo, sobreviventes do Dia dos Namorados.
— Que projeto, Rafael? — perguntou, desconfiada, como quem já espera uma loucura vindo dali.
Ele virou o corpo de le