Lorenzo Narrando…
A voz do Gabriel vinha como um eco distante. Não era som. Era vibração.
O mundo ao meu redor parecia mudo, abafado, como se alguém tivesse colocado algodão nos meus ouvidos. Eu ainda sentia Helena colada ao meu peito, o cheiro dela, o tremor do corpo dela… mas não conseguia processar nada.
A única coisa que se repetia dentro da minha mente era o estalo seco do primeiro drone…
…e depois o clarão.
…e depois o barulho de metal rasgando o céu.
Um, dois, três…
O caos descendo como chuva.
“Isso não está acontecendo.”
Eu ouvi minha própria voz por dentro, fria, dura, incrédula.
Mas estava.
E quando o terceiro drone explodiu — aquele que iluminou o meu rosto — algo simplesmente me arrancou do controle.
Meus olhos estavam presos no chão agora, mas a cena passava inteira, em loops, como se alguém tivesse gravado na minha córnea.
A mão dela no meu rosto.
A voz dela, baixa, desesperada, tentando me puxar de volta.
O corpo dela contra o meu.
E tudo