Helena Narrando...
A ligação terminou, e o silêncio que ficou depois foi mais pesado do que qualquer palavra que Lorenzo tivesse dito.
Meu corpo inteiro tremia, mas não era de frio. Era como se eu tivesse assinado minha sentença de morte sem nem encostar numa caneta.
Me recostei na parede do corredor da UTI, o celular ainda na mão, e fechei os olhos. A respiração vinha curta, doída, como se cada vez que eu inspirasse fosse mais difícil continuar. Eu sabia que estava cedendo. Sabia que era exatamente isso que ele queria. E, mesmo assim, não tinha como fugir. Não com a minha mãe dependendo de mim.
Entrei de novo no quarto, como se estivesse carregando toneladas nos ombros. O bip contínuo dos aparelhos era a única prova de que ela ainda estava ali, comigo, de algum jeito. A pele dela estava pálida, tão frágil que parecia vidro prestes a rachar. Segurei a mão dela com cuidado.
— Mãe... — minha voz saiu baixa, trêmula. — Eu não sei se a senhora consegue me ouvir, mas eu... eu fiz