Helena narrando
Faz uma semana. Sete dias inteiros desde aquela noite em que minha mãe foi trazida às pressas pra cá, desde que o sangue nas mãos dela me fez acreditar que eu ia perder a única pessoa que eu tenho. Sete dias que parecem sete anos, de tão intensos.
Agora, ela está deitada numa cama fria, ligada a máquinas que respiram por ela. Os tubos saindo do nariz, os fios grudados no peito, o barulho constante do monitor cardíaco me assombrando como um lembrete, de que ela está presa a aparelhos que decidem se ela continua ou não.
Sim, minha mãe está em coma. Essa é a palavra que eu ainda não consigo engolir. Coma. Eu repito mentalmente como se fosse um pesadelo que alguém insiste em me lembrar. Os médicos dizem que é instável, que pode melhorar, mas também pode piorar de uma hora pra outra. Eu fico aqui todas as noites, nesse hospital público lotado, onde o cheiro de desinfetante se mistura com o choro das famílias que esperam notícias.
Durante o dia, eu vou trabalhar. Não pos