Tank voltou com Dállia ao seu lado, ainda em silêncio. O olhar dela era o de alguém condenado a algo que não queria. Ainda estavam no carro quando ele perguntou
— Não pode ficar naquela casa, Dállia. Aquele cara vai chamar a polícia, entende isso, não entende?
Dállia não respondeu, mas fechou as duas mãos apertando o tecido da saia.
— Meu emprego, eu deixei meu computador lá. A Mel me deu de presente, eu preciso dele. O que eu vou falar para ela?
— O QUE VAI FALAR? É SÉRIO? ESTÁ PREOCUPADA COM UM MALDITO COMPUTADOR? QUER TRABALHAR NAQUELE LUGAR, DÁLLIA, COM AQUELE CARA?
Tank gritou e ao mesmo tempo se lembrou das fotos. Passou a língua nos dentes, um tique inconsciente que Dállia sempre achou encantador.
— Eu não quero voltar.
Ela respondeu decidida, e por um segundo ele sentiu o alívio invadir seu peito.
Mas então, ela terminou a frase.
— Não quero voltar para o condomínio. Não quero morar com você.
O silêncio tomou conta do carro. Tank fechou os punhos no volante. O peito queimava,