Narrado por Vinícius
Eu sabia que ela ia surtar. Só entreguei o livro e... pronto. Sara pulou no banco, parecendo uma criança em véspera de Natal.
— Você o quê? Mentira! Não acredito! Me dá! Deixa eu ver o que ele escreveu! — gritou, toda elétrica.
Mas eu não sou bobo. Segurei o livro firme, me divertindo com o desespero da minha esposa.
— Calma! Antes tem que prometer que ninguém nunca vai ver esse livro... Que só você vai saber da dedicatória que ele fez pra você.
Ela cruzou os braços, bufando igual menina emburrada.
— Tá bom, eu prometo! Agora deixa eu ver!
Eu ergui o livro, só pra provocar, fora do alcance dela.
— Apressada... Espera. Coloca a mão aqui em cima do livro.
Ela arqueou a sobrancelha, desconfiada, como se eu tivesse planejando invocar um espírito literário.
— Meu Deus, pra que isso?
— É sério, Sara. Ele pensou muito antes de escrever. Eu tive que convencer.
Ela revirou os olhos e colocou a mão em cima do livro com impaciência.
— Pronto.
Fiz cara de cerimônia, como se f