Narrado por Sara
Era só mais um dia comum. Quer dizer, deveria ser. Mas aí Vinícius me apareceu com um livro na mão e um olhar misterioso, desses que ele usa quando está prestes a aprontar alguma coisa. Meu coração já começou a acelerar antes mesmo dele abrir a boca.
Quando ele disse que tinha conseguido uma dedicatória do Anônimos Celos, eu achei que fosse brincadeira. Era bom demais pra ser verdade. Quase pulei do banco, me sentindo como uma adolescente ganhando ingresso pra ver a banda favorita. Eu queria agarrar o livro, devorar aquela página, mas ele ficou enrolando. Fazendo aquele teatrinho idiota que só ele sabe fazer — e que, irritantemente, me diverte.
Mas quando eu vi que ele tava levando a sério aquela história de "prometer segredo", meu sinal de alerta apitou. Vinícius nunca é tão solene assim sem motivo. Ainda assim, jurei. Por mais idiota que fosse, eu jurei. Pela chance de ler uma dedicatória feita especialmente pra mim por aquele autor misterioso que eu tanto admirava.