Cap 304. Abrindo feridas.
Elisa não sabia por quanto tempo ficou em silêncio, encarando a janela, respirando fundo como quem tenta guardar dentro do peito algo que está prestes a transbordar. Adam também não disse nada. Apenas esperou. Pela primeira vez em anos, ele não queria se defender, queria apenas estar ali, com ela.
E então, num gesto calmo e inesperado, ela se levantou e caminhou até ele.
Sem palavras, apenas se abaixou, ajoelhando-se ao lado da cadeira dele, e o envolveu com os braços. Um abraço apertado, sincero. Sem culpa, sem orgulho. Um abraço de quem entende, de quem acolhe, de quem também estava quebrado por dentro.
Adam demorou um segundo para reagir. Mas quando envolveu os braços em volta dela, foi como se o tempo tivesse parado. Como se todo o peso que carregava se permitisse, por um instante, ser dividido.
Ela sussurrou contra o ombro dele, com a voz embargada:
— Eu sinto muito. Por tudo que você passou… por ter aguentado isso sozinho. Por ter tido que escolher entre sobreviver e f