Cap 281. Silêncio implacável
O toque do celular quebrou o silêncio do apartamento como um trovão cortando o céu limpo. O nome na tela piscava com insistência. Henrique.
Elisa não hesitou. Nem sequer olhou por muito tempo. Apenas bloqueou a tela com a mesma frieza com que se fecha uma porta que nunca mais se quer abrir.
O celular voltou a tocar. Mais uma vez. E outra.
Dessa vez, ela deixou no modo silencioso.
Não valia a pena ouvir desculpas ditas com atraso.
Ainda deitada, encarou o teto por alguns segundos. O corpo, embora exausto, se moveu com precisão. Levantou-se como quem veste uma nova pele. Uma que não permitia rachaduras.
No banheiro, lavou o rosto com água gelada, forçando os olhos a acordarem mesmo sem descanso. O reflexo no espelho mostrava olheiras discretas e uma expressão dura. O tipo de mulher que ninguém ousaria enganar duas vezes.
Vestiu-se com calma, escolhendo o traje como se fosse uma armadura. Um conjunto de alfaiataria escuro, sob medida. Blazer ajustado à cintura, calça impecá