Cap 280. Abraço de pai.
Os olhos de Elisa arderam. Mas as lágrimas não caíram. Ela não daria esse prazer. O nó na garganta parecia sufocá-la, mas ela o engoliu seco, com a mesma dignidade que ainda restava. A mesma que Henrique acabou de tentar apagar com uma mentira covarde.
Ela se levantou devagar, como quem recolhe os cacos da sua própria dignidade. Pegou a calça jeans que estava dobrada na mesinha de cabeceira e a vestiu sem pressa, os dedos tremendo ao abotoar, mas o rosto firme como pedra.
O cheiro de sexo ainda pairava no ar. O corpo ainda doía de prazer recente. Mas nada daquilo parecia real agora. Era como se tudo tivesse sido arrancado de sua memória num único golpe.
Ela prendeu o cabelo em um coque bagunçado com um movimento automático. Pegou a bolsa. Endireitou os ombros. E então andou até a porta. Não olhou para Laís. Não olhou para ele. Mas antes de cruzar o batente, parou. Virou o rosto só o suficiente para que ele visse seus olhos.
— Vocês realmente se merecem. Por muito tempo me sent