Na época da universidade, Henrique e Carlos cortaram minha mesada depois que Vanessa os convenceu de que eu usava drogas. Passava dias inteiros sem comer.
Para não desmaiar nas aulas, eu limpava bandejas no refeitório em troca de comida.
A Adriana, a cozinheira, sempre me enchia o prato com porções extras de carne.
Sua filha, um ano mais nova que eu, que cometeu suicídio após sofrer o bullying constante.
Com uma indenização simbólica em mãos, a Adriana deixou a universidade.
Segui o endereço que ela me havia dado antes e encontrei sua pequena casa nos subúrbios.
Quando a porta se abriu, pedi em voz baixa:
— Sra. Adriana, pode ligar para a cremação quando eu morrer?
Os olhos dela se encheram de lágrimas na hora.
Ela pegou base, batom e um vestido novinho que a filha nunca usou. Me arrumou com mãos cuidadosas, como se estivesse preparando para uma noiva.
Sentada na cadeira de madeira, eu via o brilho úmido em seus olhos.
Quando meus sentidos começaram a escurecer, ela me abraçou com sua