Henrique não pretendia atender, mas algo o fez pressionar o botão e ligar o viva-voz.
— Bom dia, Sra. Lívia. O terreno no cemitério que a senhora escolheu ainda está disponível. Com apenas 5% de sinal, garantimos a reserva.
— Sra. Lívia? Alô?
A palavra "cemitério" o atingiu como um soco.
A voz dele tremeu:
— Então... eu não tinha ouvido errado...
— No dia em que ela pediu a cremação... já estava escolhendo seu túmulo.
Carlos estava ficando lívido, os lábios se movendo em um sussurro rouco:
— Ela realmente estava se preparando para partir... Não comprou o terreno só porque não tinha dinheiro...
E então se desmanchou em lágrimas.
Carlos arrancou o celular das mãos dele, quase gritando:
— Eu quero esse túmulo! Reserve agora mesmo!
— Devemos tanto a ela. É o mínimo que podemos fazer.
Eles decidiram levar meu corpo para casa.
Foi quando a Adriana, até então em silêncio, falou com firmeza:
— Não vou deixar vocês levá-la.
Henrique escureceu. Se aproximou com passos pesados:
— Ela é minha espo