No caminho de volta da loja de vestidos de noiva, ele imediatamente me mandou mais de vinte perfis de pretendentes para o casamento arranjado. Desde homens maduros e charmosos até jovens inocentes com aparência doce. Todos, sem exceção, eram herdeiros de fortunas bilionárias. Eu poderia escolher qualquer um deles.
— Eu sabia que Guilherme não era flor que se cheira. — Meu pai, irritado, disse. — Quando você tinha dezoito anos e ficou noiva, ele disse que te faria feliz. Mas passaram-se dez anos e ele continua enrolando para casar! Felizmente, a minha filha querida percebeu o verdadeiro caráter dele. O papai vai te apresentar alguém melhor! Volta logo para casa. O papai vai te arranjar alguns encontros, e você se casa com quem te agradar!
O fato de que o Guilherme não me amava já estava claro para todos há muito tempo.
Infelizmente, eu sempre estive cega pelas lembranças do passado, acreditando que ele jamais seria capaz de me trair e amar outra pessoa.
— Papai, eu vou gostar de qualquer um que você escolher. Contanto que não seja ele, eu aceito casar com qualquer um.
Não sei desde quando, mas Guilherme estava ao meu lado. Ao ouvir a palavra "casar", ele perguntou em voz grave:
— Com quem você pretende se casar se não for comigo?
Ele estava prestes a segurar meus ombros e exigir uma resposta, mas um grito curto veio da cozinha.
— Gui, eu ia cortar uma maçã para você, mas acabei me cortando com a faca. — Uma garota vestida de empregada saiu segurando a mão, com os olhos cheios de lágrimas. — Será que eu sou tão inútil que nem para ser empregada eu sirvo?
Imediatamente, Guilherme esqueceu de mim e correu até ela, pegando-a nos braços.
— Mimi, não precisa ter medo. Eu vou chamar o médico da família para cuidar de você! Fique tranquila. Só você será minha empregada, para sempre! — Ele abaixou a cabeça, falando de maneira suave e carinhosa, esquecendo completamente que tinha uma noiva que o amava há dez anos.
Na verdade, o corte na mão dela não passava de algo que um simples curativo resolveria.
Ao vê-lo partir sem hesitar, eu não encontrei nenhuma palavra para tentar detê-lo.
Quando ele saiu, fiz uma chamada de vídeo com minha melhor amiga para me despedir.
Dez anos atrás, para ficar noiva de Guilherme, eu saí de casa secretamente, fingindo ir estudar no exterior. Foi nessa época que conheci minha melhor amiga.
Ela sabia que eu tinha um noivo por quem era completamente apaixonada, tanto que até faltava provas e aulas importantes só para ficar com ele.
Quando finalmente fui morar com Guilherme, minha amiga até brincou dizendo que o próximo passo seria me casar. Mas quem diria que isso se arrastaria por dez anos.
— Casamento arranjado? Com o Guilherme? Ele finalmente está livre para se casar com você? Parabéns, você esperou tanto, tanto por isso! — Ela disse, entusiasmada. — Você me disse que, depois do casamento, iria morar na Espanha, o lugar que você mais ama. No Natal, eu ia te visitar lá!
— Não é com ele que vou me casar. — Balancei a cabeça e respondi. — É com alguém novo, que meu pai me apresentou.
— Mas você sempre disse que só se casaria com o Guilherme. — Minha amiga ficou confusa. — Por que de repente decidiu trocar de noivo? Ele te irritou de novo? Ele tem essa personalidade forte, mesmo te amando, ele não sabe se expressar. Quer que eu vá dar uma bronca nele para te pedir desculpas?
— Mesmo que se ame muito alguém, os sentimentos mudam. — Suspirei, exausta, e falei com indiferença. — Foram dez anos em que eu sustentei essa relação à força. Eu estou cansada. Talvez tenhamos nos enganado. Quem realmente ama, mesmo que não saiba dizer em palavras, demonstra em ações.
Contei para ela o que tinha acontecido, como ele tinha ido ver a aurora boreal com a empregada e me deixado esperando sozinha na loja de vestidos. E também sobre o que tinha acabado de acontecer, o jeito nervoso com que ele olhou para o pequeno corte na mão da empregada.
Minha amiga ficou em silêncio. Ela também percebeu que a diferença entre amar e não amar já estava muito clara. Por isso, desistiu de tentar me convencer.
Depois que encerrei a ligação, comecei a arrumar minhas malas.
Pedi para alguém vender todos os presentes caros que Guilherme tinha me dado, e doei o dinheiro para instituições de caridade.
Fotografei as bolsas de luxo, joias e roupas de marca que não ia conseguir levar comigo, e mandei para minha amiga, perguntando se ela queria alguma coisa.
Passei metade do dia arrumando tudo. Quando finalmente terminei, Guilherme apareceu de novo.
Atrás dele vinha a empregada, Mirella, com uma expressão de orgulho estampada no rosto.