— Por que você está se aproximando de mim? Qual é a sua intenção? Você quer... arrancar meu coração? Tirar meus órgãos? Ou talvez... sugar todo o meu sangue?
Minha visão estava turva, e eu mal conseguia focar no rosto dele. Mesmo assim, percebi que a expressão de Jean congelou. Ele ficou paralisado, entre surpreso e sem saber se ria ou chorava. Depois de um momento de silêncio, perguntou, com um tom incrédulo:
— Eu não sou açougueiro. Por que eu arrancaria seu coração, tiraria seus órgãos ou sugaria seu sangue?
— Isso você que tem que responder... Eu... eu não sei! Mas tem algo errado com você. E com sua mãe também... Vocês são estranhos, sendo bons comigo sem motivo. É assustador. — Balancei a cabeça, agitando a mão no ar, enquanto balbuciava. — Muito assustador...
Jean suspirou, intrigado:
— Então você acha que somos bons com você porque queremos roubar seus órgãos? Que medo absurdo é esse que te fez começar a me evitar?
Encostei-me no sofá, fraca, e murmurei:
— Não... não é só isso.