No instante em que atendi o telefone e ouvi a voz familiar do meu irmão, minhas defesas desmoronaram.
Lágrimas rolavam incontrolavelmente, como contas de um colar partido.
Tapei a boca com força, sem coragem de chorar alto.
Ele percebeu minha tristeza e perguntou aflito: — Aurora, o que aconteceu? Aconteceu alguma coisa?
Balancei a cabeça, mas não consegui responder, só pude continuar chorando em silêncio.
Meu irmão ficou em silêncio por um momento e depois disse baixinho: — Aurora, não tenha medo. Seu irmão está aqui. Não importa o que aconteça, vou te ajudar a resolver. Espere só dois dias, depois de amanhã mando um carro para te buscar e ajeito tudo pra você.
Ao ouvir suas palavras, senti um calor tomar conta do meu peito.
Assenti, controlando as emoções, e desliguei o telefone.
Mal havia desligado, ouvi batidas na porta.
— Aurora, você já foi dormir? Esquentei um leite para você, tome um pouco e descanse.
Do lado de fora, Alex ainda fingindo ser Heitor, segurava um copo de leite, falando com uma voz suave.
Respirei fundo, enxuguei as lágrimas do rosto e fui abrir a porta.
Assim que a porta se abriu, Alex ficou paralisado.
Ele olhou fixamente para meus olhos inchados e perguntou preocupado: — Está passando mal?
Baixei a cabeça, sem responder.
Alex suspirou, deixou o leite na mesa e estendeu a mão para me ajudar a levantar.
— Eu sei que você ainda sente falta do meu... irmão.
— Mas ele já se foi. Você precisa cuidar de si mesma, pelo bebê que carrega.
Suas palavras falsas só aumentavam minha angústia e revolta, e eu cerrei os punhos com força.
Levantei o rosto e, ao encarar aquele rosto idêntico ao de Alex, senti uma dor no peito tão forte que mal conseguia respirar.
— Não é nada, só um desconforto na barriga.
Alex pareceu surpreso por um momento, logo demonstrando preocupação.
— Quer que eu chame um médico para te examinar?
Balancei a cabeça, tentando conter o choro: — Não precisa, só preciso descansar um pouco.
Alex me ajudou com delicadeza a sentar na cama, com uma intimidade que não cabia a um "cunhado".
Depois que me sentei, ele olhou para minha barriga ainda lisa e sorriu: — Esse garotinho já está dando trabalho para a mamãe antes mesmo de nascer.
— Quando ele nascer, eu, como tio, vou cuidar bem do pequeno.
— Aurora, por seu filho e pela memória de Alex, seja forte.
Suas palavras transbordavam preocupação, mas cada uma delas era como uma lâmina cortante, ferindo fundo meu coração.
Mordi o lábio inferior, as lágrimas ameaçando cair, mas resisti.
Levantei o rosto, encarei seus olhos e, com a voz trêmula, chamei: — Alex...