As lágrimas voltaram a escorrer incontrolavelmente, e eu me agachei em dor, desabando em um choro convulsivo.
A enfermeira apressou-se até mim e deu um leve tapinha no meu ombro: — Senhora, está tudo bem? Se não quiser fazer a cirurgia agora, pode marcar para outro dia.
Tapei os ouvidos com força, enquanto as lágrimas caíam como pérolas de um colar rompido.
Eu sabia que ainda amava Alex.
Mesmo que ele tivesse me enganado, me machucado, eu simplesmente não conseguia esquecê-lo.
Meu coração parecia ter sido rasgado, a dor era insuportável.
Com as mãos trêmulas, acariciei minha barriga, lembrando do exame de pré-natal de ontem, quando ouvi os batimentos do bebê pelo aparelho.
Naquele momento, meu coração se derreteu.
Nem que fosse só pelo meu filho, eu queria dar mais uma chance a Alex, queria tentar de novo.
Enxuguei as lágrimas, peguei o celular e disquei o número de Alex.
Logo ouvi a voz dele do outro lado da linha: — Alô? É a Aurora? Precisa de alguma coisa? Agora não é um bom momento...
— Heitor, preciso te perguntar uma coisa, você...
Antes que eu terminasse de falar, escutei a voz de Alice ao fundo:
— Querido, você pode amarrar o laço do meu vestido para mim?
Naquele instante, toda a esperança dentro de mim se despedaçou.
Do outro lado, Alex ainda falava com gentileza: — Aurora, o que foi?
— Nada. — Falei com o corpo inteiro tremendo e desliguei o telefone.
As lágrimas embaçaram minha visão novamente, e eu mordi o lábio inferior com força para não deixar o choro escapar em voz alta.
Naquele momento, eu perdi toda a esperança.
Levantei-me e disse à enfermeira: — Eu quero fazer a cirurgia.
A enfermeira olhou meus olhos vermelhos, preocupada: — Você tem certeza?
Assenti com a cabeça e forcei um pequeno sorriso: — Tenho sim.
A cirurgia foi rápida e correu bem.
Quando saí da sala de cirurgia, sentia como se tivessem esvaziado todo o meu corpo, nem lágrimas eu conseguia mais chorar.
Voltei para casa, e nem Alex nem Alice estavam lá.
Deitei sozinha na cama, olhando para o teto, completamente perdida.
Eu não sabia que caminho seguir dali em diante, nem como enfrentar um mundo repleto de traições e dores.
À noite, Alex voltou.
Ao me ver pálida deitada na cama, perguntou com preocupação: — Aurora, o que você queria me dizer hoje no hospital?
— Por que seus olhos estão tão vermelhos? Está pensando no Alex de novo?
Olhei para aquele rosto tão familiar e ao mesmo tempo tão distante, sentindo uma avalanche de sentimentos contraditórios.
Queria odiá-lo, queria esquecê-lo, mas o amor que eu guardava tão fundo no peito não me permitia deixá-lo para trás de vez.
Fechei os olhos e virei o rosto, sem querer vê-lo.
Alex suspirou, cobriu-me com o cobertor e saiu do quarto em silêncio.
Naquela noite, tive um sonho.
Sonhei que voltava ao meu ritual de transformação aos dezoito anos.
Alex estava à minha frente, olhando-me com intensidade: — Aurora, desde a primeira vez que te vi, me apaixonei profundamente por você.
Naquele tempo, seu olhar era límpido, seu sorriso aquecia o coração, como se pudesse derreter qualquer tristeza.
Eu me deixei envolver pela doçura do sonho, mas ao acordar, toda a beleza desvaneceu como fumaça.
Deitada na cama, olhando o céu encoberto pela janela, sentia o mesmo peso cinzento no coração.
Foi quando a porta do quarto se abriu de repente e Alice entrou.
Ela me olhou, com um leve tom de provocação no rosto:
— Aurora, ainda não percebeu quem é realmente esse tal de Heitor que você vê todos os dias?