Ainda é madrugada. O céu, um veludo azul-escuro, começa a clarear timidamente no horizonte, pintando o leste com tons de lavanda e pêssego. Ana está acordada, se arrumando, olhar determinado, mas com um traço de apreensão, puxando um casaco fino sobre a roupa simples. O ar da manhã é fresco e úmido, e ela solta um suspiro.
_ Você consegue!
Ao descer as escadas, encontra Luzia indo em direção a cozinha.
_ Bom dia Ana! Vai para a entrevista? Vem vou passar um café fresquinho para você.
Com o coração acelerado Ana abre um sorriso.
_ Obrigada Luzia, acho que preciso mesmo de um pouco de café. Obrigada.
Depois de algum tempo, Ana sai seguindo as instruções de Luzia para chegar a tempo da entrevista antes da confeitaria abrir, caminha um pouco até avistar a placa "Doce Sabor". Ela para em frente a uma vitrine que ainda está escura. O letreiro, desligado, deixa entrever as letras cursivas douradas. Mesmo sem luz, ela consegue imaginar o brilho dos doces lá dentro, o cheiro de açúcar e mantei