~ Gael Martinez (Hades) ~
Mostro. Encarnação do mal. Assassino. Perigoso.
É assim que me chamam. Homens fracos, policiais corruptos, vítimas que tiveram tempo de falar. Mas ouvir esses títulos saindo da boca dela tem outro peso. Na voz embargada da loirinha frágil, filha daquele desgraçado, cada palavra soa como uma faca cravando fundo. Não porque machuca, mas porque excita.
Ela anda em círculos, no meio do porão úmido, os pés descalços sujando-se de poeira e frio.
Os olhos estão vermelhos, e o corpo, trêmulo. Seu instinto sussurra que algo está errado.
A pele arrepia, o peito sobe e desce em ritmo acelerado e ela está apavorada.
Se segura como pode — respira fundo, morde o lábio, enxuga as lágrimas com as costas da mão.
Há algo na forma como ela caminha, como se carregasse mais do que medo. Como se existisse dentro dela uma centelha idiota, mas viva, de que pode sair daqui. É quase fofo. Quase.
Ela não entende ainda, mas este porão é mais que um castigo, é um território marcado. Um l