A porta do elevador se fechou atrás de mim como um ponto final mal colocado. Saí do prédio sem olhar para trás, com os olhos fixos no horizonte, como se isso bastasse para segurar a raiva pulsando sob a minha pele.
O final do expediente deveria me trazer alívio. Mas desde que vi Melo com aquele maldito estagiário — West —, tudo dentro de mim fervia. Ela sorriu. Um sorriso de canto, sutil, quase imperceptível. Mas eu vi. E aquilo foi o suficiente para acender algo que eu não queria admitir.
Ela nunca sorriu assim pra mim.
Atravessei a rua a passos largos e entrei no mercado. Peguei uma cesta mais por protocolo do que por necessidade. Eu precisava ocupar as mãos, ou ia acabar quebrando algo — ou alguém.
Passei pela seção de bebidas, mas segui direto para os corredores dos enlatados. Um lugar silencioso. Um lugar seguro.
Claro que o universo não ia me deixar em paz nem ali.
— Gonzales. — A voz dela me pegou de surpresa, firme como sempre. Me virei e dei de cara com ela.
De todos os merca