Melo
O elevador subia devagar, como se estivesse me provocando também.
A noite anterior ainda ressoava na minha cabeça, não pelos drinks, mas pelas palavras. O tipo de palavras que não se dizem em voz alta, mas ficam ali, rondando como um eco afiado.
— Já começou ótimo, senhorita Cross. — ele havia dito.
Revirei os olhos só de lembrar.
E o pior: ele realmente parecia acreditar que estava no controle.
Meus passos ecoaram no corredor ainda silencioso do prédio. Era cedo, cedo demais. Talvez uma forma inconsciente de fugir de qualquer novo encontro nos corredores ou da academia.
Sim, eu o vi lá outro dia. E sim, ele me viu também.
Não conversamos muito, mas foi o suficiente para confirmar que o jogo continua. Cada palavra dele parece vir embalada com um laço invisível e uma armadilha.
Respirei fundo antes de empurrar a porta da minha sala de reuniões. Luzes apagadas, tudo no lugar. Tudo sob controle.
— Bom dia, Melo!
Virei para ver Clara entrando, seguida por Bianca. As duas s