Fui para um bar.
Desde as três da tarde até as nove da noite, fiquei lá, bebendo. Não bebi muito, mas o suficiente para que, no fim, minha mente ficasse um tanto vazia e meu corpo leve, quase flutuando.
O dono do bar, Rafael, me conhecia há anos. Mesmo eu estando sozinha, ele não se preocupava, porque sabia que eu não causaria problemas.
— Quando você vai embora? Alguém vem te buscar? — Rafael perguntou. Ele tinha por volta de cinquenta anos. Se meu pai estivesse vivo, teria mais ou menos a mesma idade.
— Agora, acho. — Eu realmente não queria ir embora, mas sabia que tinha que trabalhar no dia seguinte e precisava descansar.
Esse seria o meu último brinde ao que restava do meu relacionamento com Sebastião.
Quando me levantei, apoiando-me no encosto da cadeira, Rafael se aproximou e bloqueou minha passagem.
— Não vou deixar você sair assim. Vou pedir para alguém te levar.
Rafael sempre foi cuidadoso. Há anos ele mantinha esse bar bem escondido em um beco, mas o lugar era sempre movimen