Quando o telefone de Ana tocou, eu estava no banheiro limpando a água que tinha sido espirrada em meu rosto.
— Carol. — Ana chamou-me sem o menor entusiasmo.
Era muito diferente da Ana que eu conhecia. Antes, ela falava com energia, como uma metralhadora.
Eu não sabia o que havia acontecido com ela, mas sabia que aquela tentativa de suicídio tinha a transformado nessa pessoa. Eu estava muito preocupada. — Se você não tivesse ligado, eu já estaria indo atrás de você.
— Carol, não precisa. Eu estou bem. — Ana me impediu rapidamente.
Eu joguei o lenço que estava na minha mão e me apoiei contra o lava-louça. — Então, me conte o que aconteceu, do começo ao fim.
Ela ficou em silêncio. Só falou depois de um momento. — Carolina, agora eu não tenho nada e estou devendo quase cento e cinquenta mil.
Miguel me tinha contado sobre o namorado dela. Eu compreendi imediatamente. Ela fora enganada. — Então, você tentou se suicidar? A sua vida vale menos que cento e cinquenta mil?
— Carol, essa dívida